Haverá profissões para homens e profissões para mulheres?
Se antigamente, o mundo do trabalho era quase só dos homens e a casa e cuidar dos filhos eram entregues às mulheres, hoje já não é bem assim. Homens e mulheres trabalham lado a lado, tratam da casa e cuidam dos filhos. Faz então sentido dividir profissões para homens e profissões para mulheres? Não faz. Faz sentido haver diferenças salariais ao fim do mês? Não. Faz sentido discriminar quem quer construir uma carreira por ser homem ou por ser mulher? Claro que não.
“As profissões são a expressão das nossas competências”, diz Isabel Lousada, investigadora da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, que tem várias pesquisas na área de estudos sobre as mulheres. As pessoas não são todas iguais, umas gostam mais de umas coisas, outras têm competências para outras. São livres e têm oportunidade de escolher e estudar para ser o que querem ser no futuro. “O respeito entre seres humanos é um bem maior e a realização faz a felicidade. Qualquer ser humano realiza-se a fazer o que gosta e para o que tem competências”, afirma. Para Isabel Lousada, “é errado contrariar vocações.” Seja a homens, seja a mulheres. E a igualdade de género no trabalho, e noutros contextos, é um caminho que se faz todos os dias.
Uma balança pouco equilibrada
Não existe trabalho apenas fora de casa. Há também tarefas no lar. Cozinhar, arrumar, passar a ferro, lavar, esfregar, tratar dos filhos. E a balança não anda muito equilibrada neste assunto. A Comissão Europeia publicou recentemente um relatório sobre a situação de homens e mulheres na Europa com dados relativos a 2017 sobre a igualdade de género. São recentes, portanto.
O prato da balança é mais pesado para as mulheres com mais horas de trabalho remunerado e não remunerado. As mulheres trabalham, em média, mais seis horas por semana do que os homens.
Cuidar da casa
Mais de quatro em cada 10 cidadãos europeus acreditam que o papel mais importante de uma mulher é cuidar da casa e da sua família. Em termos de percentagem, são 44% as pessoas que pensam desta forma, de acordo com o relatório europeu.
Num terço dos estados-membros da União Europeia esta percentagem aumenta para 70%.
Nos lugares de decisão
Os altos cargos de tomada de decisão continuam a ser ocupados essencialmente por homens. No desempenho escolar e académico, as mulheres têm melhores resultados nas escolas e universidades.
Um exemplo: 44% das mulheres europeias, com idades entre os 30 e os 34 anos, concluíram o ensino superior. Os homens ficam 10% abaixo com uma taxa de 34%.
Ainda assim, as mulheres não têm muito espaço nos lugares de topo em todos os setores e ocupações – até mesmo naquelas empresas em que as mulheres estão em maior número.
Salários mais baixos
As mulheres trabalham em setores com salários mais baixos e ganham, em média, menos 16% por hora do que os homens. As mulheres têm menos horas pagas, são menos promovidas e as progressões na carreira são mais lentas. As mulheres com filhos são mais penalizadas, com menos nove pontos percentuais na taxa de emprego em comparação com as mulheres sem filhos.
71 horas por semana
As estatísticas confirmam que os pratos da balança não estão lado a lado. Nos casais com filhos com menos de sete anos de idade, as mulheres trabalham, em média, 32 horas por semana no seu emprego, trabalho remunerado, e mais 39 horas semanais em trabalho não pago, em casa.
Enquanto os homens passam 41 horas por semana no trabalho remunerado e 19 horas em trabalho não remunerado.
Ministros e ministras
Os lugares nos governos em toda a União Europeia são ocupados maioritariamente por homens. Em novembro do ano passado, estas contas foram feitas e desses cargos governamentais 72,3% eram ocupados por homens e 27,7% por mulheres.
“Enquanto os homens ocupam geralmente ministérios de ‘alto perfil’, tais como administração interna e negócios estrangeiros, defesa e justiça, finanças e indústria, as mulheres tendem a ser alocadas a ministérios relacionados com as áreas socioculturais, saúde, educação ou questões sociais.” Constatações escritas no relatório europeu.
O QUÊEEEEE?
Em 1889, em homenagem às lutas sindicais em Chicago, a Internacional Socialista reunida em Paris decidiu decretar o 1.º de Maio como o Dia do Trabalhador. É o dia associado à reivindicação de melhores condições laborais.
O Dia do Trabalhador é feriado em várias partes do mundo, não apenas em Portugal. Brasil, Angola e Moçambique também celebram a data com feriados oficiais. No nosso país, só passou a ser feriado em maio de 1974, depois da Revolução dos Cravos.
Portugal tem sido apontado com um bom exemplo na igualdade de género ao investir em serviços acessíveis às famílias – por exemplo, creches – que possibilitam as mesmas oportunidades no mercado de trabalho a homens e a mulheres.
O nosso país aprovou uma lei que estabelece regras para uma representação equilibrada entre homens e mulheres nos órgãos de administração pública e nas empresas cotadas em bolsa. Esta lei é apontada como uma boa prática pela União Europeia.