O projeto Media Lab JN levou, na última terça-feira (21), uma sessão “na escola e na comunidade” a São João da Madeira, ao Agrupamento de Escolas Oliveira Júnior (AEOJ).
Durante uma tarde, os estudantes do 10.º ano participaram numa palestra sobre os perigos da desinformação e importância do jornalismo, e foram desafiados a vestirem a “pele” de jornalistas e a gravar notícias escritas por eles diante de câmaras, replicando as dinâmicas de uma redação de vídeo. Todos estes desafios foram concluídos com sucesso pelas mais de duas dezenas de alunos presentes.
Os estudantes, na sua maioria à volta dos 15 anos de idade, mostraram-se bastante interessados e entusiasmados com as questões abordadas durante a sessão, que envolvia termos como “fake news”, “clickbait” e “algoritmos”: “No geral foi tudo bom e percebemos mais sobre o que é uma notícia, informação e desinformação”, afirmou a aluna do 10.º J Eunice Santos, que aprendeu, por exemplo, que o termo “fake news” é um paradoxo e que o mais acertado é substituí-lo pela palavra “desinformação”. “Além disso, tivemos que escrever uma notícia e depois gravá-la em vídeo. A parte de gravar exigia um pouco mais de concentração”, destacou.
Cláudia Santos, professora de informática, ressaltou a disposição dos alunos em participarem nas atividades e perceber a mensagem do encontro. “Quase tudo o que vocês transmitiram os alunos ouvem da nossa parte, dos professores. Mas quando é um profissional da área a trazer essa informação e a explicar como se trabalha, acho que eles sentem de forma diferente”, observou.
“O facto de eles verem como vocês trabalham, como é que tem que ser feito… eles ganham a noção de que é assim que se trabalha lá fora. E nós, professores, no meio das atividades, dizemos as mesmas coisas, mas estamos no meio dos exercícios, no meio de uma chamada de atenção, e vocês expõem a forma como o mercado funciona. Acho que eles sentiram isso de forma diferente e a mensagem é transmitida de uma forma muito mais objetiva e real”, acrescentou a docente.
Felipe Almeida, professor de design multimédia, seguiu a mesma linha de pensamento: “A iniciativa foi bastante interessante porque o facto de vir gente de fora parece que faz os meninos encararem [as atividades] com outra motivação e acima de tudo até com mais seriedade. E o facto de eles aderirem e neste curto espaço de tempo conseguirem fazer tudo, criar a notícia e gravar, algo que eles têm tendência a prolongar, neste caso foi muito interessante. E dá-lhes um bocado do cheirinho do que é o mundo real”, afirmou.
“Eu vi-os muito motivados e felizes com a atividade. Espero que fique a motivação para trabalhar no futuro, a ideia de que é possível trabalhar fora da escola e ter futuro nesta área. Que lhes dê perspetiva de continuar, que fiquem curiosos e com o gosto de conseguir fazer mais e melhor no futuro”, complementou Cláudia Santos.
Ivo Pereira, um dos estudantes que participaram nas gravações, afirmou que o maior desafio foi trabalhar diante das câmaras: “Foi mais difícil gravar a notícia porque não tenho concentração. Achei tudo interessante, não sabia a maior parte das coisas”, garantiu. O aluno André Mota, por sua vez, mostrou-se mais à vontade: “Tivemos a experiência de fazer uma notícia, elaborá-la e criá-la como se fosse nossa e achei muito interessante. Não achei difícil e até gosto de comunicar diante das câmaras e gostaria de fazê-lo mais vezes”, disse.
Estiveram presentes na visita a São João da Madeira Beatriz Dias e Daniel Leal, ambos formadores do Media Lab JN. O projeto já soma uma década de experiência com literacia mediática, levando conhecimento digital e comunicacional a milhares de estudantes portugueses. Saiba como participar no site do projeto.
Texto: Daniel Leal
Data de publicação: 23 de junho de 2022