O inseto responsável por transmitir os vírus dengue ou zika às pessoas foi detetado pela primeira vez na capital do nosso país. E a espécie tem vindo a disseminar-se pelo sul da Europa.
Mosquito-tigre-asiático em Portugal
O mosquito-tigre-asiático (ou, mais corretamente, a espécie Aedes albopictus) foi detetado pela primeira vez em Lisboa, no final de setembro. E porque é que isto é relevante? Este inseto é uma ameaça potencial por transmitir às pessoas várias doenças, nomeadamente dengue e zika. De qualquer forma, esta não é a primeira vez que o mosquito-tigre-asiático é encontrado em Portugal continental. Já em 2017 tinha sido identificado na região Norte do país, depois em 2018 no Algarve e no ano passado no Alentejo.
Dengue e zika: que doenças são estas?
Estes vírus são transmitidos às pessoas principalmente por meio da picada deste mosquito e os sintomas são relativamente semelhantes. Com algumas diferenças.
Por exemplo, a doença do vírus zika caracteriza-se por febre, erupções cutâneas, conjuntivite, dores musculares, mal-estar e dor de cabeça, sintomas que podem durar sete dias. A gravidade desta doença é normalmente ligeira e não exige um tratamento específico, além de repouso, de beber muita água e de medicamentos para aliviar as dores e a febre. Neste momento não há nenhuma vacina disponível, a única forma de prevenção é controlar os mosquitos transmissores.
Já no caso da dengue, o sintoma mais comum é a febre alta, embora também possa gerar dor de cabeça, dor muscular intensa, dor em redor ou atrás dos olhos, vómitos, manchas vermelhas na pele e hemorragias. Algumas pessoas podem desenvolver complicações mais graves, que podem mesmo levar à morte. Não existem medicamentos para tratar a doença, mas neste caso há vacina para prevenir a infeção, que só é indicada para quem já teve dengue.
Há motivo para preocupação?
Tudo indica que não há razões para alarme. A Direção-Geral da Saúde (DGS) garante que nos mosquitos detetados em Lisboa não foram identificados quaisquer agentes de doenças que possam ser transmitidas às pessoas. E também não se registaram casos de doença humana até ao momento. Quer isto dizer que não há risco acrescido para a saúde da população nem perigo de transmissão de doenças. Apesar disso, a DGS reforçou a vigilância e está em curso a implementação de medidas para controlar esta população de mosquitos.
Riscos para o futuro
Talvez não saibas que, atualmente, esta é considerada uma das espécies invasoras de mosquitos mais eficazes. Disseminou-se nas últimas décadas das florestas tropicais do Sudeste Asiático (de onde é originário) para todos os restantes continentes do Mundo, só com exceção da Antártida. A expansão destes mosquitos por Portugal e pela Europa tem vindo a acontecer nos últimos anos, muito graças ao aumento das temperaturas, com uma presença mais proeminente em Espanha, França e Itália. Basta ver que entre março de 2022 e agosto deste ano, o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças recebeu mais de 18 mil notificações sobre a presença destes mosquitos, praticamente todas no sul da Europa.
Podemos fazer alguma coisa para prevenir?
Na verdade, sim. A principal forma de prevenirmos a infeção por estes vírus é protegermo-nos contra a picada do mosquito, e isto é válido sobretudo se viajarmos para regiões que são locais de risco, nomeadamente os continentes africano e americano, o Mediterrâneo Oriental, o Sudeste Asiático ou o Pacífico Ocidental.
Texto: Catarina Silva