O Prémio Nobel foi instituído pelo cientista sueco Alfred Nobel em 1901 e é considerado o prémio com mais prestígio que pode ser atribuído a nível internacional. Pretende-se distinguir personalidades ou instituições com uma ação marcante numa das seguintes áreas: literatura, medicina, física, química, economia ou em defesa da paz.
Ora bem, este ano, o Nobel da Paz quis premiar a persistência exemplar de dois jornalistas em defesa liberdade de expressão e da liberdade de imprensa, que têm denunciado ações condenáveis dos regimes políticos dos respetivos países, contributos valiosos, segundo o júri, “para a democracia e a paz”.
A jornalista Maria Angelita Ressa tem 58 anos e é de origem filipina. Trabalhou na CNN e fundou a Rappler, uma empresa vocacionada para o jornalismo de investigação. Devido ao seu trabalho corajoso, tem exposto diversos escândalos que envolvem a governação do atual presidente filipino, Rodrigo Duterte, referindo casos de abuso de poder, autoritarismo e violência. Por isso, Maria Ressa tem sido perseguida, submetida a várias investigações e processos judiciais, já sofreu “cyberbullying” e até foi presa.
Dimitri Muratov é russo, tem 60 anos e é repórter, apresentador de televisão e fundador do diário “Novaya Gazeta”, um jornal com posições muito críticas sobre o governo da Rússia e o presidente Vladimir Putin, denunciando situações de corrupção e de violência policial. O jornal tem sofrido ataques, ameaças e seis dos seus jornalistas foram assassinados. Mas Muratov continua teimosamente a sua luta em defesa do jornalismo livre, arriscando-se a ser preso. O seu trabalho já lhe valeu alguns prémios, como a Legião de Honra (2010) ou o Prémio Internacional de Liberdade de Imprensa (2007).
O júri do Prémio Nobel da Paz de 2021 elogiou estes dois grandes jornalistas, reconhecendo a sua “luta valente” nas Filipinas e na Rússia, vendo neles um símbolo de todos os jornalistas que defendem a liberdade de imprensa em “condições cada vez mais adversas”. Em suma, este é um premio ao jornalismo livre e independente que denuncia os abusos e mentiras de poder.