Novo aeroporto: O que se segue neste drama com 50 anos?

Novo aeroporto: O que se segue neste drama com 50 anos?

Há um tema que tem ressurgido em força na atualidade do país. Na televisão ou em conversas, já deves ter ouvido a pergunta: onde e quando será construído afinal o novo aeroporto? Há décadas que a discussão está em cima da mesa. Ainda não há respostas, mas reunimos o que se sabe, para que fiques a perceber melhor o que se passa.

A primeira nota a reter é que o tema não é novo. Há 50 anos que é discutida a construção de um novo aeroporto internacional em Portugal, ou seja, um aeroporto que receba voos internacionais e de grande escala. Atualmente, existem dois: o Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, aberto em 1942; e o Aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto, inaugurado em 1945. A edificação de um terceiro é uma discussão antiga no país. Não sobre a sua necessidade, por ser unânime que é preciso avançar para um novo aeroporto, mas antes sobre a localização. Onde será? Não há concordância no assunto.

 

Novo relatório aponta preferido

 

A pedido do Governo, durante vários meses, uma Comissão Técnica Independente (um grupo de pessoas sem interesses ou influências no tema) estudou as várias opções para a localização tão discutida. Recentemente apresentou as conclusões, afirmando que a solução será começar por uma “opção dual” – durante os primeiros anos, o novo aeroporto funcionaria juntamente com o já existente Aeroporto Humberto Delgado, na Portela, que deverá ser depois desmantelado.

Alcochete e Vendas Novas são os municípios apontados como melhor localização. Então a decisão está tomada? Não. Trata-se de um mero conselho, cabendo agora ao Governo decidir. No entanto, como o país se encontra com um Governo de gestão (que foi dissolvido), teremos de aguardar pelo próximo. Assim, só haverá decisão (no mínimo) depois das eleições marcadas para o dia 10 de março.

 

Alcochete e Vendas Novas na frente

 

Estas são atualmente apontadas como as localizações mais favoráveis por serem as que apresentam mais vantagens face às desvantagens. Alcochete, onde o seria construído num campo de tiro, tem a mais-valia de não ser necessário efetuar expropriações (retirar propriedade privada a alguém). O Montijo, por exemplo, que é apontado muitas vezes como opção, perde nos critérios ambientais. Em cima da mesa estavam várias outras opções, como Poceirão – Rio Frio e Santarém.

 

Porquê fechar o Aeroporto Humberto Delgado?

 

A Comissão Técnica Independente concluiu no mesmo relatório uma realidade conhecida há muito: é necessário encerrar o Aeroporto Humberto Delgado. Praticamente desde a sua construção que se percebeu que este aeroporto, construído na Portela, é demasiado pequeno para a afluência que tem – o facto foi ganhando mais peso ao longo dos anos, com o crescimento constante do turismo. Mas porquê fechá-lo depois de abrir um novo? Essencialmente, devido ao impacto na saúde e no ambiente. Por ser um aeroporto localizado perto do centro da cidade, dezenas de aviões sobrevoam diariamente a baixa atitude junto às zonas habitacionais. Isto leva a que o ruído e a poluição causada pelas aeronaves sejam um problema constante em Lisboa.

 

O dinheiro e o tempo

 

O recente estudo prevê que esta obra, dependendo da localização escolhida, tenha um custo aproximado de oito mil milhões de euros só para a infraestrutura aeroportuária. No entanto, não estão contabilizados aqui outras construções que serão necessárias, como acessos e ligações de vários transportes, incluindo uma nova travessia do Tejo. Prevê-se que, depois de tomada a decisão de avançar, a primeira pista esteja pronta, na melhor das hipóteses, em sete anos. O novo aeroporto não estará totalmente operacional em menos de oito anos.

 

Uma longa história…

 

Já em 1969, ainda antes da revolução de abril, estava em cima da mesa a construção de um terceiro aeroporto internacional no país. O assunto foi sendo trazido várias vezes à discussão pública ao longo dos anos. Uma nova localização surgiu em 1999, um relatório em 2008 e uma nova promessa em 2016. Ao longo dos últimos anos, mais de 50, foram várias as vezes em que o novo aeroporto pareceu uma certeza, tendo sempre, por uma ou outra razão, não avançado. Será desta?

 

Texto: Sara Sofia Gonçalves