Publicidade Continue a leitura a seguir

O que leva um país a mudar de nome?

Publicidade Continue a leitura a seguir

Agora, diz-se Türkiye e não Turquia. Diz-se Países Baixos e não Holanda. Diz-se Chéquia e não República Checa. Nos últimos anos, muitos países têm mudado de nome. Ora porque querem virar a página do colonialismo, ora por razões políticas, culturais e até de marketing. Mais recentemente é a Índia que parece estar a querer seguir a tendência.

 

A Índia quer chamar-se Bharat?

Nos últimos tempos e a pouco e pouco, a Índia tem vindo a adotar o nome Bharat. Por exemplo, os convites oficiais para o jantar da cimeira do G20 (o grupo que inclui as maiores economias do Mundo), que aconteceu em setembro em Nova Deli, referiam-se a Draupadi Murmu como “Presidente de Bharat” em vez de “Presidente da Índia”, o que deu origem a especulações sobre a intenção de o país asiático mudar de nome.

 

Porquê?

O nome Índia remete para o passado colonial britânico que o Governo anda a tentar apagar da memória – a Índia foi uma colónia do Reino Unido entre 1858 e 1947. E há quem acredite que o nome é um “símbolo de escravidão”. Por isso, esta intenção. Na verdade, na Constituição da Índia, são atribuídos três nomes à nação mais populosa do Mundo: Índia, Bharat e Hindustão (que significa terra dos hindus). E apesar de para o resto do Mundo o país se chamar Índia, os indianos usam muitas vezes o nome Bharat. Trata-se de um termo sânscrito que se encontra em escrituras de há mais de dois mil anos. A mudança oficial é uma hipótese, resta esperar para ver se vai avante.

 

Mais casos de fuga ao passado colonial

Talvez já nem reconheças o anterior nome do Sri Lanka. Era Ceilão e passou a chamar-se Sri Lanka para se afastar do passado colonial de vários povos que o invadiram. A mudança aconteceu em 1972, mas só em 2011 é que todas as referências a Ceilão foram apagadas de documentos oficiais e empresas. Mais tarde, em abril de 2018, foi a vez da então Suazilândia anunciar a mudança de nome para Essuatíni, não só para libertar o país da página do colonialismo, mas também para evitar confusões com a Suíça, que em inglês é Switzerland. Essuatíni era o nome pré-colonial do país e já era usado pela população local.

 

Da Chéquia aos Países Baixos, o marketing

O marketing também tem sido uma das razões por detrás das mudanças de nome de países. O nome oficial da República Checa continua a ser esse. Mas desde 2016 que o país tem adotado a designação Chéquia em contexto internacional, tudo porque República Checa é demasiado grande. O objetivo é facilitar ações de marketing, em eventos desportivos ou nas relações com outros países, e a pronúncia noutros idiomas. Em 2020, os Países Baixos abandonaram oficialmente o nome Holanda, porque representava apenas duas das 12 províncias da nação, que se chamam Holanda do Norte e Holanda do Sul. Mas, aparentemente, o governo neerlandês queria também que se deixasse de associar o país ao uso recreativo de drogas e à prostituição legal.

 

Macedónia do Norte, uma disputa política

A República da Macedónia passou a chamar-se oficialmente República da Macedónia do Norte em 2019. Uma motivação política, depois de longas negociações com a Grécia. Há uma região no país grego que também se chama Macedónia e há muito que a Grécia queria que o país dos Balcãs (em tempos, um reino grego) deixasse de usar o termo. Foi então que para aderir à NATO e à União Europeia, a Macedónia teve de passar a usar um nome que o distinguisse dessa região. A disputa provocou instabilidade entre os dois países. A Grécia propôs que a Macedónia mudasse completamente de nome, mas isso não aconteceu. No final, venceu o nome Macedónia do Norte.

 

Turquia, uma questão cultural

A Turquia mudou oficialmente de nome para Türkiye em junho de 2022. O motivo? “Türkiye é a melhor representação da cultura, civilização e valores do povo turco”, explicou o presidente Erdogan. A questão maior estava no nome do país na língua inglesa, Turkey, termo de tal forma generalizado que até é usado na própria Turquia e que em inglês significa peru. A ideia é que o novo termo, em turco, passe a designar o país no estrangeiro em todos os contextos, para deixar de ser associado à ave.

 

Texto: Catarina Silva