Olha quem está de volta: o IndieJúnior 2024 é sobre a Liberdade

Olha quem está de volta: o IndieJúnior 2024 é sobre a Liberdade

Em abril, comemoramos 50 anos desde a Revolução dos Cravos em Portugal.

Até ao dia 25 de abril de 1974 imperava no nosso país o regime fascista de António de Oliveira Salazar. Nesse dia, deu-se um golpe de Estado que virou a página da ditadura e deu lugar ao capítulo da democracia portuguesa e à liberdade. É esta liberdade que a 8.ª edição do festival de cinema infantil e juvenil IndieJúnior quer homenagear com um vasto programa a decorrer entre os próximos dias 22 e 28 de janeiro em vários centros culturais do Porto: Coliseu do Porto, Batalha Centro de Cinema, Biblioteca Municipal Almeida Garrett, Casa das Artes, Reitoria da Universidade do Porto, Museu Nacional Soares dos Reis e Maus Hábitos.

Dentro do programa, a organização em parceria com a URAP (União de Resistentes Antifascistas Portugueses) quis incluir debates alargados entre alunos do ensino básico e secundário e presos políticos e outros intervenientes da Revolução de Abril.

Sessões de cinema

Na programação de cinema destaca-se o Foco Liberdade, composto por três sessões de curtas metragens e uma longa metragem, onde se explora a ideia de liberdade num sentido amplo.

As sessões de curtas integram, entre outros, O Casaco Rosa, de Mónica Santos – sobre Rosa Casaco, agente da PIDE que chefiou a brigada responsável pelo assassinato do General Humberto Delgado, e A Noite Saiu à Rua, de Abi Feijó – uma animação panorâmica sobre uma aldeia dominada pela tirania.

Integram também Balada de um Batráquio, de Leonor Teles, que intervém no espaço real do quotidiano português como forma de fabular sobre um comportamento xenófobo enraízado na nossa cultura e O Cravo e A Liberdade,  filme evocativo do 25 de abril realizado por alunos da EB 2,3 das Caldas de Taipas.

A longa metragem 48, de Susana Sousa Dias, parte de um núcleo de fotografias de cadastro de prisioneiros políticos da ditadura portuguesa (1926-1974) para mostrar os mecanismos através dos quais um sistema autoritário se tentou auto-perpetuar.

Há ainda três curtas metragens portuguesas (Amanhecer Para Além da Ponte, Praias de Portugal e O Porto e Os Portugueses) que oferecem um contexto de Portugal durante o fascismo do chamado Período Marcelista. As sessões do Foco Liberdade serão mediadas por convidados que darão contexto aos filmes.

Domingo, dia 28 de janeiro, a Sala 1 do Batalha Centro de Cinema recebe o filme-concerto Sons da Liberdade, onde o duo feminino O Som do Algodão junta histórias e música, corpo e palavra, num espetáculo em que a exploração sonora e narrativa emolduram a projeção de dois filmes particulares: Pela Primeira Vez, documentário de Júlio Cortázar, sobre a primeira ida ao cinema de um grupo de camponeses, e O Evadido, de Charlie Chaplin.

Fora do grande ecrã, um programa paralelo de atividades chamado Cinema e Liberdade alarga a discussão. No Batalha Centro de Cinema haverá uma Biblioteca Liberdade, com livros infanto-juvenis selecionados que terá alguns momentos de leitura, e uma exposição, AbrirAbril, que parte do imaginário das crianças quando pensam na liberdade e nos vários tipos de opressão que a condicionam, lembrando-nos que a liberdade está sempre por conquistar; assim como conversas informais entre público e realizadores.

Serão realizadas ainda oficinas: Oficina Cartazes Revolucionários a partir das ilustrações de João Abel Manta e do filme A Noite Saiu à Rua; Oficina Quadros Livres, Quadros Felizes que propõem um novo olhar sobre o espólio expositivo do Museu Soares dos Reis; Oficina nas entre linhas, dirigida por Tânia Dinis que propõe uma revisita a um arquivo de fotografias e  imagens em movimento.

No dia 22 de janeiro, Mónica Santos orientará um seminário em torno do seu filme para estudantes do ensino secundário e, no dia 26 de janeiro, terá lugar a conferência 50 Anos Depois, uma reflexão sobre o estado da produção de cinema para infância e juventude.

Filme-debate e Masterclass

No já habitual espaço de filme-debate, o IndieJúnior Porto, em parceria com a Mochila Cultural PNA, parte de Verão 2000, um conto íntimo e delicado, em que o jogo entre diferentes meios oferece uma visão da performatividade de género e do consentimento. A história de Sarah será o ponto de partida para uma conversa sobre os comportamentos sociais esperados com base na identidade de género e sobre a definição de limites nas relações íntimas. A sessão terá lugar a dia 25 de janeiro, pelas 11 horas, na Casa Comum da Reitoria da UP. A dia 23 de janeiro, pelas 18 horas, o espaço recebe ainda uma Masterclass de animação orientada por Claude Delafosse.

O Meu Primeiro Filme – Toy Story: Os Rivais

Nesta edição do Festival foi convidado o designer e comunicador Wandson Lisboa que selecionou o filme Toy Story: Os Rivais. O filme será exibido no sábado, dia 27 de janeiro, pelas 16.45 horas, no Batalha Centro de Cinema. Os bilhetes para essa sessão estarão à venda em breve.

Cinema de Colo e oficina para bebés

Destinada aos mais pequenos, o Cinema de Colo volta a ocupar o Novo Ático do Coliseu do Porto. Sete sessões entre sábado (27 de janeiro) e domingo (28 de janeiro), num espaço seguro e confortável, habitado por projeções coloridas e uma cenografia especial que estimula os sentidos de crianças entre os 6 meses e os 3 anos.

Paralelamente, será realizada no mesmo espaço a oficina Entre Poças e Borrifos, destinada a bebés entre 1 e 2 anos, que trabalha com água, cor, imagens em movimento, som e outros elementos sensoriais para despertar sensações e risos.

Cinema à mesa para maiores de 12

Para públicos mais adultos, o IndieJúnior e o Maus Hábitos apresentam no dia 26 de janeiro, pelas 21 horas, uma sessão de Cinema à Mesa. Com entrada gratuita, a iniciativa propõe um encontro entre os nossos pratos favoritos e quatro curtas metragens que navegam entre a ficção e animação e que exploram questões sobre o corpo. Destinada a jovens a partir dos 12 anos, esta sessão reflete sobre a fase de transição que é a adolescência e como é que podemos lidar com as imposições sociais que chegam de todos os lados: da família, dos amigos, da escola e de nós próprios.

Oficinas de psicologia

No campo das oficinas, em parceria com a clínica Vila Maria Alice, o certame integrará Oficinas Familiares de Psicologia, que criarão espaços de visionamento, partilha, brincadeira e reflexão de algumas questões abordadas nos filmes, que se refletem no dia a dia da família com crianças, adolescentes e/ou jovens.

A fechar o festival, no domingo dia 28 de janeiro, a já icónica Matiné Dançante do IndieJúnior volta à cafetaria do Batalha Centro de Cinema. Um momento de descontração entre espectadores, realizadores, convidados e equipa do festival, com direito a DJ set da Miss Playmobil e bolas de espelhos.

Toda a programação pode ser encontrada aqui.