Quando pensamos numa máquina autónoma, a primeira imagem é de uma tecnologia com forma de ser humano, algo que ainda não é facilmente alcançável. Mas estes aparelhos estão por todo o lado, das casas aos edifícios públicos, e têm características que os definem.
“Aparelho capaz de agir de forma automática numa dada função.” A definição encontrada no dicionário de Língua Portuguesa é claro: os robôs estão dotados com inteligência que lhes permite tomar decisões autónomas. “Normalmente utilizadas para tarefas repetitivas”, explica André Dias, é possível encontrar esses aparelhos desde a nossa própria casa até a um hospital.
O investigador do INESC TEC da Universidade do Porto afirma que, ao pensar em novos aparelhos de robótica a ser desenvolvidos, procura-se muitas vezes que as máquinas ajudem em tarefas para as quais, “de alguma maneira, queremos proteger o ser humano”. É o caso dos braços robóticos em fábricas, que realizam trabalhos pesados ou cansativos para uma pessoa, ou os carros autónomos, que dão auxílio ao ser humano numa tarefa que pode ser, muitas vezes, aborrecida e colocar em risco a vida dos passageiros.
Há robôs com diferentes níveis de inteligência, mas existem características comuns. André Dias destaca os sensores como indispensáveis, “para a máquina perceber o mundo que a rodeia”. Independentemente do nível de autonomia do robô, todos têm um processador de bordo, um “minicomputador”, simplifica o engenheiro, que lê os dados dos sensores e os usa como base para tomar decisões.
A robótica iniciou-se na produção industrial, ou seja, no desenvolvimento de máquinas automáticas para as fábricas de produção. Mas, antes disso, a primeira ideia do que viria a ser um robô surgiu numa peça de teatro, ainda nos anos 1920. O texto de Karel ČCapek, escritor checo, fala de um cientista que desenvolveu uma máquina inteligente para realizar as tarefas mais difíceis do homem. No final da peça, a máquina revolta-se contra o criador.
Onde os encontrar no dia a dia
Em casa, um aspirador automático é o exemplo perfeito de robô que André Dias encontra. “Não parece, mas são máquinas muito complexas, para conseguirem entender todo o espaço da casa e aspirar sem incidentes”. O robô de cozinha, acrescenta, é também um exemplo de máquina que percebe autonomamente “o que tem de fazer”.
Na saúde, o investigador do INESC TEC realça as soluções que interagem com pacientes nos hospitais. Um exemplo, diz, é o projeto do Instituto Português de Oncologia, em que um robô brincava com crianças que têm de estar em isolamento, impedidas de contacto próximo com outras pessoas. “Ainda estamos em desenvolvimento, pois não existem soluções de robôs sociais complexas, mas é o futuro.”
Para André Dias, a área emergente na robótica são os carros autónomos, uma tecnologia com grande aposta por parte das marcas automóveis em que, prevê, se alcancem resultados fidedignos em breve.
Construir um robô requer diferentes etapas e processos. Primeiro, a investigação. Depois, o esboço das ideias. E, por fim, a concretização material. André Dias, além de investigador e docente, é também professor e criador da Academia de Robótica, um espaço didático, para jovens entre os 8 e os 18 anos, onde é possível “explorar um robô no seu interior e dar-lhe inteligência para tomar decisões sozinho”.
Texto: Sara Sofia Gonçalves