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Organismos gelatinosos: Sabes o que são e o que fazer quando avistares um?

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Nas férias, podes encontrar no mar pequenos seres com um aspeto gelatinoso. De forma geral são inofensivos, mas alguns podem picar e libertar toxinas que causam muita dor e desconforto, estragando qualquer dia de praia. Fica a saber como deves reagir caso vejas um.

Corpos moles e transparentes

Estes seres gelatinosos são organismos que vivem no mar, na coluna de água ou na superfície, e podem apresentar diferentes formas, tamanhos e colorações. São animais marinhos, com corpos moles, transparentes ou translúcidos, e uma consistência muito gelatinosa, sendo sustentados por uma estrutura de gelatina hidratada e substâncias celulares. Assim, não possuem um esqueleto rígido, cérebro ou coração, têm apenas um sistema nervoso rudimentar. Embora não tendo um verdadeiro sistema nervoso central, apresentam uma rede nervosa localizada na epiderme e estruturas semelhantes a gânglios, detetando estímulos e transmitindo impulsos.

 

As espécies

Dentro do mundo destes organismos gelatinosos existem 12 espécies, reconhecidas pela GelAvista, um programa do IPMA que monitoriza os organismos gelatinosos na costa de Portugal continental e ilhas. As espécies mais comuns de encontrar nas águas portuguesas são: as águas-vivas, conhecidas por medusas ou por alforrecas; os cnidócitos (Ctenophora), semelhantes às águas-vivas, mas com uma estrutura corporal mais complexa e sem os tentáculos urticantes; e, por fim, as salpas, tunicados que possuem um corpo gelatinoso transparente em forma de barril.

As alforrecas vivem dispersas no oceano com pouca capacidade de locomoção, sendo basicamente arrastadas pelas correntes. Muitas alforrecas têm órgãos bioluminescentes, podendo emitir uma luz. Esta luz pode ajudá-las de várias maneiras, como a atrair presas ou a distrair predadores.

 

As mais perigosas

Das espécies que aparecem em Portugal a mais perigosa é a água-viva (Pelagia noctiluca), caracterizada por se tornar luminescente quando se sente ameaçada. Vive principalmente nos arquipélagos dos Açores e na Madeira e ocasionalmente no Algarve. A caravela-portuguesa (Physalia physalis), que, apesar das parecenças, não é uma alforreca, também é uma das mais perigosas.

 

Onde as podemos encontrar?

Estas espécies podem ser encontradas em diferentes espaços aquáticos, principalmente em épocas balneares e em zonas costeiras, sendo comum o seu avistamento na praia por banhistas. A sua presença é muito frequente em águas rasas próximas à costa, onde os nutrientes são abundantes e as correntes trazem alimento. Podem também ser encontrados nas águas abertas do oceano ou em grandes profundidades longe da luz solar.

O que fazer quando os avistarmos

Por não terem sistemas respiratório, excretor e circulatório, as águas-vivas desenvolveram células especiais chamadas cnidócitos. Essas células desempenham várias funções, como capturar presas, defender de predadores, ajudar na locomoção e permitir que se fixem em superfícies.

Os cnidócitos estão localizados principalmente nos tentáculos, mas também podem ser encontrados na parte superior do corpo. Quando ativadas, essas células liberam toxinas que, quando entram em contacto com o humano, podem causar muita dor. Portanto, apesar de parecerem inofensivos, a sua picada pode arruinar um dia de praia.

O primeiro passo, caso avistes um destes organismos, é avisar o nadador-salvador. Depois, utiliza a app GelAvista para reportar ou envia um e-mail para plancton@ipma.pt com as seguintes informações: local, data, hora, número de organismos avistados e uma fotografia com um objeto ao lado que sirva de referência de escala.

 

E se fores picado?

No caso de seres picado por um destes organismos é importante teres calma. Deves lavar a zona afetada com água do mar, sem esfregar e remover com uma pinça os possíveis vestígios do organismo na pele. Não é aconselhado limpar a zona afetada com água doce, vinagre, álcool, amónia, ligaduras ou pensos rápidos. Caso a picada seja da espécie de água-viva, depois de limpar e lavar a zona afetada, aplica compressas de gelo durante 15 minutos. Se, depois destes passos, a dor persistir, não hesites em consultar um médico.

Texto: Íris Santos