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Os animais têm consciência? E direitos?

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A consciência é a capacidade de perceber a própria existência e o mundo ao seu redor. E não é exclusiva dos seres humanos. Já foi comprovada em diversos animais, como pássaros, macacos, polvos e cães.

“As evidências mostram que os seres humanos não são os únicos a apresentarem estados mentais, sentimentos, ações intencionais e inteligência”, afirmou Philip Low, canadiano que, em julho de 2012, assinou um documento com outros 12 neurocientistas a admitir a existência de consciência em diversos animais. Ainda hoje a Declaração de Cambridge sobre a Consciência é uma referência, confirma Pedro Galvão, professor de Ética na Universidade de Lisboa e autor do livro “Os animais têm direitos?”. No entanto, disse ao TAG, “vai ao encontro do senso comum do contacto normal com os animais. A ciência vem apenas comprovar o que já é bastante óbvio”.

Eis alguns exemplos. Pintaram uma cruz na barriga de um golfinho, ele percebeu que tinha aquela marca e ficou a observá-la num espelho (perceção da sua existência). Numa outra experiência, o polvo conseguiu abrir um frasco para ter acesso a um alimento ou encontrar a saída de um labirinto (mundo em seu redor). Fêmeas de chimpanzés foram vistas a cuidar de filhotes que morreram, recusando largá-los (sofrimento). Um cão passou a andar com uma pata encolhida depois de o dono começar a coxear (empatia).

 

Inteligência ou instinto?

Segundo Pedro Galvão, “ser inteligente é ser engenhoso, conseguir os meios apropriados para atingir os fins, e os animais têm esse engenho”. E dá um exemplo: “colocam-se puzzles aos corvos, em que eles têm de chegar à comida, e para isso têm de realizar uma série de tarefas complicadas, e eles conseguem”. Ou seja, “alguns animais têm mais do que instinto, têm essa inteligência.”

 

Sentimento e dor

Também a capacidade de sentir e sofrer não é exclusiva dos seres humanos. Pedro Galvão diz que se chama “simpatia e significa contágio emocional”. Acontece “quando vê outro animal a sofrer e ele próprio sofre com isso, ficam aflitos com as aflições dos outros, sentem satisfação com a satisfação dos outros”.

 

Direitos dos animais

A Declaração Universal dos Direitos Animais foi proclamada pela Unesco em 1978. Não vale como uma lei “mas pode ajudar a sensibilizar os políticos a fazer legislação que proteja melhor os animais”. Ponto central: não causar sofrimento desnecessariamente. “A dor de uma vaca ou um porco, um cão ou um gato, doi-lhes tanto como uma dor igual a nós”. A Declaração tem 14 artigos, nomeadamente: nenhum animal será submetido a maus tratos nem a atos cruéis; o abandono de um animal é um ato cruel e degradante; os animais destinados ao abate devem sê-lo sem causar ansiedade ou dor.

 

Texto: Sandra Alves