São divertidos, repletos de imagens engraçadas (algumas são tão reais que parecem mesmo verdadeiras dentro de um pequeno ecrã), recheados de movimentos (estudados ao milímetro do milímetro pormenor), com quebra-cabeças, estratégias, planos. São jogos online onde cabe tudo o que se quiser. Haja imaginação. Prendem a atenção e vivem por modas. O Angry Birds foi uma loucura, o Minecraft continua em alta.
Nasceram para entreter, mas podem também funcionar como ferramentas pedagógicas, instrumentos de estudo. Eles existem, estão no meio de nós, e há coisas que convém saber antes de ligar os aparelhos eletrónicos. Há perigos e ratoeiras à espreita.
Apps, conteúdos, publicidade, compras
Diz quem sabe que os riscos dependem dos jogos. “A generalidade das apps solicita ou capta dados pessoais dos utilizadores, pelo que podem constituir um risco para a privacidade e para a segurança”, avisa Tito de Morais, fundador de MiudosSegurosNa.Net, um projeto que ajuda famílias, escolas e comunidades a promover a segurança online de crianças e jovens. Os conteúdos são outro risco. Pode haver jogos impróprios com cenas demasiado violentas, por exemplo. Idade e maturidade são importantes.
Há outros perigos. “Algumas apps permitem e potenciam os contactos ou troca de mensagens entre os utilizadores e tal pode constituir um risco”, acrescenta. É preciso saber quem está do outro lado. Se é ou não de confiança. O que nem sempre é possível. Por isso, máxima atenção. Depois, pode-se gastar dinheiro sem querer, sem dar conta. “A publicidade intrusiva e as práticas comerciais não éticas também podem constituir um risco, levando a compras não autorizadas ou acidentais”, alerta Tito de Morais. E há mais. “Convém ter cuidado com as fontes a partir de onde se fazem os downloads, pois são conhecidas aplicações que na realidade se tratam de spyware”, revela.
Viciar ou ensinar? Eis a questão
Os jogos podem ser um pau de dois bicos. Alguns jogos e aplicações podem prender demasiado quem os utiliza. O que, explica Tito de Morais, leva “a uma utilização excessiva, o que pode não ser saudável”. O jogo torna-se um vício, muitas horas de olhos colados no ecrã, dedos nos botões. Jogos, jogos, e mais jogos. E isso não faz bem à cabeça. “A utilização excessiva é uma realidade e pode trazer implicações negativas para a saúde e bem-estar das crianças, jovens, mas também adultos”. Nesse sentido, é preciso estabelecer limites e regras (e cumprir, claro está), ter a autonomia e o autocontrolo bem apurados, e apoio e ajuda dos pais e de quem perceba da matéria.
Os jogos online também têm virtudes. Cada vez mais, os professores usam jogos para ensinar. “Hoje, mais do que mero entretenimento, os jogos podem ser também importantes ferramentas pedagógicas e as mecânicas dos jogos começam também a ser cada vez mais usadas em contexto educativo, algo conhecido por ‘gamification’ ou gamificação”, explica o responsável pelo projeto MiudosSegurosNa.Net.
Sara Dias Oliveira