Os plásticos também são nossos amigos

Os plásticos também são nossos amigos

Eles existem, são muitas vezes mal-amados e olhados com desconfiança. Mas nem tudo o que parece é. Há polímeros, alguns mais resistentes do que o aço, que facilitam a vida em várias áreas, sobretudo na saúde.

Todos os plásticos são prejudiciais? Não. É uma indústria com diversos problemas, é certo. A poluição é uma dor de cabeça para o planeta, sim. A pegada ecológica é tremenda, já todos sabemos. Só que há mais ângulos da mesma realidade. Entremos então no mundo dos polímeros para perceber o que são e para que servem.

Todo o plástico é um polímero, mas nem todo o polímero é um plástico. Um polímero é uma macromolécula. E o que faz uma macromolécula ser um composto polimérico são as suas características, como a estrutura química, o tamanho, as interações entre moléculas. Os naturais são conhecidos, a borracha, a celulose, o amido, algumas proteínas como a caseína do leite e a queratina dos cabelos. Os polímeros têm nomes complexos e abreviaturas para simplificar: PVC, PTFE, PP, PAN, PVA e por aí fora. Ao fim e ao cabo, o polímero é a matéria-prima base na fabricação de todos os plásticos, seja qual for a sua natureza, seja qual for a sua finalidade. Termos técnicos à parte, vamos ao que interessa.

 

Pontos, implantes, próteses

Um polímero é um material que se molda facilmente aos requisitos científicos da área da saúde. A medicina percebe as suas potencialidades, eficiência e biocompatibilidade, e investe nesta matéria-prima de várias formas. Próteses de plástico, por exemplo, são mais confortáveis, feitas à medida, mais seguras, mais leves e macias, duráveis e mais baratas, com menor risco de contaminações. Os cateteres, aqueles tubos flexíveis usados para introduzir medicação ou drenar fluidos do corpo, são de plástico – há cateteres de PVC para cirurgias de peito aberto e recolhas de sangue. Os polímeros estão também em bandejas de esterilização, conectores de oxigénio, ventiladores e respiradores pulmonares.

 

As seringas feitas de polímeros são descartáveis, mais resistentes, com menos riscos de contaminação – longe vão os tempos em que eram de vidro e tinham de ser esterilizadas a cada utilização. Os pontos que os profissionais de saúde dão para suturar feridas e cortes são feitos com agulhas e linhas fabricadas com polímeros – o que as torna mais flexíveis na hora do uso. Em todo o caso, os pontos não são absorvidos pelo corpo já que não são biodegradáveis e, por isso, são removidos após a cicatrização.

 

A leveza é uma virtude

 

Os polímeros são versáteis, tanto estão na saúde, como no setor automóvel, na indústria têxtil, na área da construção civil. Aquelas peças dos carros, aquelas peças dos eletrodomésticos. A sua utilização é vasta e não chegam os dedos de uma mão para contar as suas vantagens. Os materiais feitos de polímeros são leves, têm uma densidade mais baixa do que os compostos tradicionais, como o aço e o vidro, metais e cerâmicas.

A flexibilidade é outra virtude. Os polímeros são facilmente moldáveis pela ação do calor, o que significa que podem transformar-se no que o homem quiser. Serão sempre objetos mais resistentes, mais duráveis, mais difíceis de corroer. E reduzem custos, uma vez que o processamento é feito a temperaturas mais baixas do que outros materiais, como o aço e alumínio, daí que o consumo de energia seja relativamente inferior.

 

À prova de bala

Há polímeros altamente resistentes a qualquer tipo de impacto. Há um, inclusive, utilizado em coletes à prova de bala com elevada resistência mecânica, sete vez mais resistente do que o próprio aço por unidade de peso.

 

Texto: Sara Dias Oliveira