“Às vezes é difícil imaginar o desafio de um trabalho que nunca vivenciámos”. Foi assim que a Nadine Andrade, de 15 anos, descreveu a experiência de ser jornalista por um dia: “quando vemos no jornal não damos muito valor, às vezes pensamos que é um bocado fácil”. Este desafio, e a atividade organizada na passada quarta-feira (16) pelo Media Lab JN, na Escola Básica e Secundária do Cerco do Porto, trouxe aos alunos do 8º ano uma dinâmica diferente, divertida e, sobretudo, consciencializadora: experimentar o ofício de um jornalista é aprender a valorizar o papel do jornalismo.
No estúdio de fotografia da escola, com um cenário exclusivo do Jornal de Notícias, os 20 alunos tiveram a experiência de atuarem como pivô, repórter de imagem e operador de teleponto. Divididos em grupos, para respeitar os critérios sanitários contra a Covid-19, os jovens gravaram as notícias escritas por eles, depois de escolherem notícias no JN impresso para usar como base. Com os monitores e jornalistas do Media Lab JN – Mariana Amorim, Daniel Leal e Rebeca Kuhn – a turma foi orientada a seguir os critérios jornalísticos ao narrar os factos – desde a postura, às técnicas de escrita e locução. O tato com o jornal em papel, a prática da leitura, a interpretação da notícia, a escrita e a gravação, compuseram as etapas para sentir na pele o que é ser um jornalista.
Segundo Cláudia Rovira, professora de Artes Visuais na Escola do Cerco, a atividade proposta pelo Media Lab JN “é muito pertinente, pois os alunos têm a oportunidade de manipular o jornal e conhecer as suas secções”, além de “aprender sobre a história do JN, e quem está por trás das notícias. Afinal não é só o apresentador, há muita gente a trabalhar dentro de um jornal”. A docente ainda acredita que após a experiência, pode “nascer” um jornalista na turma e, mesmo que as consequências da atividade não recaiam no lado profissional, ela diz que o Media Lab já agrega num contexto atual: na ameaça das fake news, à qual os jovens da geração digital estão vulneráveis. “Muitos deles acreditam em tudo que veem na net, agora já aprenderam que devem primeiro ponderar, ver se aquela notícia é verídica, ir às fontes e não partilharem informações falsas”, ressalta.
Quando se trata de um efeito interpessoal, a professora Cláudia diz que as dinâmicas fazem com que os alunos percam o medo de se verem através das câmeras e de ouvir a própria voz. Para além disso, evidencia que a atividade promove o espírito de equipa à medida que “eles percebem que a cada gravação há muitas pessoas por trás”. José Machado, aluno de 13 anos, também concorda com os frutos pessoais que este tipo de atividade promove. Para ele, a experiência de falar em frente à câmara faz com que seja mais fácil depois falar em público: “não se passa tanta vergonha”, comenta.
Esta atividade faz parte da colaboração instrumental, com presença semanal na Escola, que o Media Lab JN tem vindo a desenvolver desde Setembro de 2019 com o Agrupamento de Escolas do Cerco do Porto, no âmbito do projeto de Domínio de Integração Curricular (DIC) – Literacia para os Média – que esta instituição leva a cabo, com sucesso, junto da sua população escolar dos 2º e 3º ciclos.
No seu décimo ano de existência o Media Lab implementa um conjunto diversificado de experiências mediáticas com escolas de todo o país através de sessões online ou presenciais, com workshops de vídeo, rádio TSF, jornal online e imprensa escrita. Aqui o jornalismo e a educação estão entrelaçados, num projeto educativo que acredita na responsabilidade social e intrínseca que os media possuem.
Notícia escrita por Rebeca Silveira (Media Lab JN)