A Natureza tem muita força e, por vezes, manifesta-se da pior maneira em eventos geológicos catastróficos, estudados cientificamente, mas totalmente imprevisíveis. O terramoto em Marrocos matou mais de duas mil pessoas.
No solo e no mar. A ciência explica
Os terramotos são acontecimentos geológicos que podem durar segundos ou poucos minutos. A crosta terrestre move-se e quando duas das suas enormes placas de rocha, as placas tectónicas, chocam ou raspam uma na outra, há pressão, libertação de energia, movimentos bruscos, a Terra treme.
Há três tipos de movimentos: o convergente, quando duas placas chocam; o divergente, quando se movem em direções contrárias; e o transformante, quando há separação de placas que se deslocam lateralmente. Grande parte dos terramotos ocorrem nas bordas das placas tectónicas ou em falhas entre dois blocos rochosos. Também acontecem devido à atividade vulcânica ou deslocamento de gases no interior da Terra.
As falhas e as consequências
A Natureza é indomável, como sabemos, e deixa as suas marcas, como vemos. As consequências dos terramotos são terríveis, há mortes, há prejuízos sociais e económicos, casas e prédios reduzidos a pó, cenários desoladores. E há efeitos na própria Natureza: abertura de falhas, deslizamento de terras, tsunamis, vibração do solo, mudanças na rotação da Terra.
Richter, a escala de Medição
É a escala que mede a magnitude dos sismos, a escala logarítmica mais conhecida, batizada com o apelido do seu “pai”. Em 1935, Charles Francis Richter, sismólogo norte-americano, criou a escala que quantifica a energia libertada por um sismo, com a ajuda do sismólogo germano-americano Beno Gutenberg, quando ambos trabalhavam no Instituto de Tecnologia da Califórnia.
Marrocos, Chile, Indonésia, Portugal
Um forte sismo abanou Marrocos, causou mais de dois mil mortos, mais de dois mil feridos. Marraquexe foi uma das cidades mais atingidas por este tremor de terra, o mais violento (6.8) registado no país nos últimos 120 anos. Seguiram-se várias réplicas, ou seja, abalos de menor intensidade. A procura por sobreviventes asfixia o coração, as imagens de destruição são terríveis, ainda há aldeias isoladas.
Chile, país situado numa zona de instabilidade tectónica, 1960, um dos piores terramotos à face da Terra, 9.5 na escala de Richter, 1665 mortes, dois milhões de desalojados.
Indonésia, 2004, um dia depois do Natal, um terramoto de 9.3 na escala de Richter, que provocou um tsunami que matou cerca de 230 mil pessoas e destruiu o litoral de 15 países banhados pelo Índico. E foi tão forte, mas tão forte, que provocou abalos secundários, de menor intensidade, em zonas tão longínquas como a Califórnia e o Alasca, nos EUA.
Portugal, Lisboa, 1755, um terramoto de 8.5 na escala de Richter derrubou a capital, terra a tremer debaixo dos pés, tetos a desabar sobre cabeças. Um minuto que durou horas. O Tejo ganhou ondas de mais de cinco metros que galgaram as margens. Fala-se de cerca de 20 mil vítimas mortais, mas há estimativas superiores. O pior sismo em território nacional até à data.
Texto: Sara Dias Oliveira
Foto: Philippe Lopez / AFP