Que seca!

As alterações ambientais podem acabar com o planeta tal como o conhecemos. É certo que as mudanças climáticas não surgiram agora, mas o ritmo das variações acelerou nas últimas décadas. E a tendência é para continuar.

Em Portugal, as ondas de calor e as secas tornaram-se mais frequentes, sobretudo a partir do ano 2000. As consequências são graves na agricultura e pecuária, na energia e no bem-estar das pessoas.

A climatologista Vanda Pires, do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), alerta para o facto de as alterações climáticas estarem “a tornar as situações de seca mais graves e habituais” e a fazer com que “os fenómenos extremos aconteçam com mais frequência e com maior impacto”. E as coisas ficarão mais graves no futuro: “Até ao final deste século, as projeções indicam que haja uma diminuição da precipitação em cerca de 15%, dependendo da região. Na região sul, pode chegar aos 30%”.

 

Águas de abril salvam seca de inverno

O inverno passado foi mais quente do que o normal e extremamente seco. Foi o quarto com menos água desde 2000, segundo o IPMA. Felizmente, o provérbio “Abril, águas mil” coincidiu com a realidade: esse mês foi um dos mais chuvosos do século, diminuindo a área de Portugal em seca meteorológica, com exceção das regiões a sul do rio Tejo. “A chuva esteve 150% acima do normal”, disse o ministro do Ambiente, José Pedro Matos Fernandes.
Apesar da melhoria, a situação continua a ser preocupante, porque o cenário a médio e longo prazo é de menos água. Por isso, é urgente adaptar comportamentos.

 

Portugueses são dos que gastam mais água

Portugal é, de acordo com a Agência Europeia do Ambiente, o segundo país da Europa onde se gasta mais água per capita (por pessoa). Cada português gasta por dia uma média de 187 litros, quando, segundo a ONU, só necessita de 110 para consumo e higiene diários. Em 2017, cada habitante de Portugal continental consumiu 64 mil litros de água. Em 1995, o número era de 50 mil.  Segundo o mesmo estudo, o consumo mundial de água aumentou 39% desde 1980. Esta tendência deve manter-se pelo menos até 2050.

 

Os quatro tipos de seca

Para o IPMA, existem quatro tipos de seca: meteorológica, agrícola, hidrológica e socioeconómica. A seca meteorológica acontece quando chove menos do que é normal. Se esse défice for aumentando ao longo de dois, três meses, passa a chamar-se seca agrícola, porque começa a faltar água no solo, afetando quem vive da agricultura e da pecuária. Se a situação continuar, evolui para seca hidrológica, que é quando falta água nas barragens, essencial para compensar a falta de irrigação dos solos. A seca socioeconómica ocorre quando há um impacto direto na população e nas atividades económicas.

 

Dicas para poupares água em casa

• Fecha a torneira enquanto lavas os dentes e usa um copo com água para bochechar.
• Toma banhos rápidos e fecha a torneira enquanto te ensaboas.
• Guarda a água de lavar frutas e legumes para regares as plantas.
• Diz aos teus pais para ligarem as máquinas de lavar loiça e roupa só quando estiverem cheias,
ou selecionem o programa de meia-carga.
• Quando lavares a loiça, deixa as peças mais sujas de molho ou usa um esfregão de aço.

 

Texto: Rita Salcedas
Ilustração: Bárbara R.