A resposta mais simples é sim. Provavelmente já sabes que os alimentos que consumimos têm um impacto gigante no nosso Planeta, só a carne e os laticínios são responsáveis por cerca de 14,5% das emissões globais de gases com efeito de estufa. Mas, e há sempre um mas, há alguns alimentos vegan que também têm que se lhe diga.
O transporte
Atenção, comer alimentos de base vegetal pode nem sempre garantir o respeito pelo ambiente. Se consumirmos tomates que vêm do outro lado do Mundo, então as emissões de CO2 no transporte desde o local de produção até Portugal também contam. Escolher produtos locais e da época – o que é produzido fora dela requer sempre mais energia – é uma boa estratégia.
Soja o novo vilão?Os grãos de soja são incrivelmente versáteis e encontram-se em alimentos como a bebida de soja, o tofu, os hambúrgueres sem carne, as salsichas vegetarianas. Até agora, tudo ótimo para os vegetarianos e para os vegan. Só que há um senão. A principal responsável pela desflorestação (e consequentemente pela perda de biodiversidade) a nível mundial é a agricultura, devido à conversão de áreas florestais em terras agrícolas. E a produção de soja tem um peso enorme nisto: dos Estados Unidos à Amazónia, há muitas florestas a serem convertidas para abrir mais espaço para a produção intensiva de soja. Mas comer soja é pior para o Planeta do que comer carne bovina? Na verdade, não. A questão é que a maioria da soja não é cultivada pelas razões que pensamos. Quase 80% da soja produzida no Mundo tem como destino a alimentação dos animais de pecuária, principalmente vacas, porcos e galinhas. Ou seja, vai para a indústria da carne, laticínios e ovos (sabias que grande parte do impacto ambiental da pecuária provém da ração que os animais comem?). Atualmente, apenas 7% é transformada em produtos de soja para consumo humano.
O consumo de águaA utilização da água é um ponto importante. A carne de bovino, por exemplo, para ser produzida precisa de cerca de 15 mil litros de água por quilo. Mas a produção de alguns alimentos usados na alimentação vegetariana ou vegan, como os abacates e a amêndoa, também consome muita água. Olhemos para as bebidas à base de plantas, que substituem o leite. E a bebida de arroz precisa de 54 litros de água por copo. Ainda assim, estes números são baixos em comparação com o leite de vaca. Em geral, e apesar de tudo, uma alimentação à base de plantas ainda representa cerca de metade do consumo de água de uma dieta à base de carne.
A carne e os laticíniosHá cada vez mais gente a cortar no consumo de carne ou de laticínios, basta ver que as vendas de produtos de base vegetal aumentaram 21% na Europa entre 2020 e 2022. E muitos fazem-no não só em nome dos animais ou da saúde, mas também em nome do ambiente, o que tem razão de ser. A pecuária tem um enorme custo ambiental. Porquê? A produção de carne é extremamente poluente, é responsável pela libertação de gases com efeito de estufa, como metano, dióxido de carbono e óxido nitroso. Há especialistas que defendem que se deixarmos de comer produtos de origem animal durante um mês isso poderia poupar tantas emissões de gases com efeito de estufa quanto retirar 160 mil carros das estradas. Parece demasiado bom? É mesmo, mas vamos olhar aos detalhes.
O que devemos comer então?Afinal, que dieta é que pode ajudar a salvar o nosso Planeta? Muitos especialistas defendem que o consumo global de frutas, legumes e produtos vegetais tem de duplicar e o consumo de alimentos como a carne vermelha e o leite de vaca tem de ser reduzido para metade. Significa, então, que não temos todos de deixar de comer carne, peixe ou laticínios (até porque são as principais fontes de algumas vitaminas e minerais essenciais), mas sim que devemos reduzir substancialmente o seu consumo. Resumindo, sim, uma dieta vegetariana ou vegan é melhor para o meio ambiente – a alimentação à base de carne produz cerca de 7,2 quilos de CO2, enquanto uma alimentação vegetariana produz 3,8 quilos e uma dieta vegan 2,9 quilos. Contudo, reduzir na carne e nos produtos lácteos já é uma boa ajuda para diminuir as emissões de carbono, a desflorestação, a escassez de água e a perda da biodiversidade.
Texto: Catarina Silva
Ilustração: Freepik