Temos de tratar da saúde do ar que respiramos

Temos de tratar da saúde do ar que respiramos


Os dados que a Agência Europeia do Ambiente fornecem não são nada animadores. O último relatório publicado no ano passado refere que 400 mil pessoas da União Europeia morreram cedo de mais porque a qualidade do ar é má. Em Portugal, foram 6 630 pessoas que perderam a vida só em 2015.

Estas notícias não são más, são péssimas.

De quem é a culpa? Das partículas que, em suspensão, pairam pelo ar, do dióxido de azoto, e da camada de ozono. Ou seja, das fábricas, dos veículos a motor (carros, motas, aviões, comboios) e da produção de energia. Estes, entre outros tantos fatores, influenciam o estado do ar de forma negativa.
Na Europa toda existem mais de 2 500 estações de monitorização do ar. Estas estações, diz o relatório da agência, constataram que houve uma pequena melhoria na qualidade do ar. Talvez seja devido às novas regras acerca dos transportes, com a ajuda das novas tecnologias. Já não é mau! Seja como for, é preciso fazer mais e melhor. Arregaçar as mangas em prol de um mundo melhor.

 

Sabias que 

A Islândia tem uma fábrica de ar puro? É verdade! Consegue manter o CO2 na natureza ao mesmo tempo que o retira do ar. Como consegue? Retira o dióxido de carbono da atmosfera e, em vez de vender o CO2 para uso industrial, injeta o gás em rocha basáltica no subsolo.

O processo passa pela filtragem de CO2 existente em redor da central geotérmica. O calor em excesso da central é depois utilizado para incorporar o gás na água. Levada abaixo dos 700 metros, a água carbonatada vai reagir com a rocha basáltica e formar novos minerais sólidos. Por outro lado, a China é o país com o ar mais poluído do mundo. Lá o ar vê-se: parece um nevoeiro cerrado

 

Quão mal faz o ar 

Agostinho Marques é médico pneumologista no Hospital de São João, no Porto. Este médico conversou com o TAG e coloca o tema do ar deste modo simples: “O ar que respiramos é fundamental à vida. É fonte de vida.” O médico explica ainda que “desde sempre houve ar impuro. Há poluentes que o Homem se foi habituando a respirar e a conviver, por exemplo, os pólenes e a combustão natural, mas desenvolvemos imunidade”.

O nariz do médico torce quando fala de como o mundo se foi desenvolvendo desde então. “Com a atividade das fábricas, o gasóleo dos carros, as chaminés que lançam para a atmosfera substâncias tóxicas…” Aqui, antes de continuar, o médico enfatiza que as chaminés são “muito, muito, muito poluentes, como o ozono que é muito tóxico, como o fumo do tabaco, também”. Daqui podemos concluir que respirar ar impuro causa doenças.

 

O que podemos fazer para melhorar 

Há muitos comportamentos bons que podemos adotar para melhorar a qualidade do ar que respiramos. Francisco Ferreira, da Associação Zero, refere que. “as crianças são as que sofrem mais porque, em relação ao peso que têm, são as que respiram maior quantidade de ar e, ainda por cima, estão em fase de crescimento.” O ambientalista indica que os centros das cidades, como Porto e Lisboa, são piores “devido ao tráfego, principalmente devido ao gasóleo, o maior emissor de partículas que entram no organismo e libertam ainda dióxido de azoto. É por isso que muitas cidades têm o tráfego limitado”.

Francisco dá um exemplo: “Em Hamburgo [cidade alemã] a entrada nos centros da cidade de carros, nomeadamente os movidos a gasóleo, é proibida.” Podemos então andar mais de bicicleta para diminuir os poluentes causados pelo carro, andar mais de transporte público e andar a pé: ganha o ambiente, o exercício físico, e ainda a carteira dos pais.

Francisco Ferreira dá ainda uma dica importante: “O investimento também pode ir no sentido das energias renováveis.” As energias renováveis são fontes inesgotáveis de energia obtidas através da natureza, como o sol ou o vento. Assim temos: a energia solar, obtida pela luz do sol; a energia eólica, que nos chega através do vento; a energia hídrica, que vem da energia dos rios, marés e ondas; e a energia geotérmica, que é obtida pela terra. Todas estas energias são naturais, puras e não poluentes, que dão um beijo no ar para que este seja um príncipe e não um monstro que nos faz mal.