Aproxima-se um fim de semana em cheio, com festividades diferentes e que ainda por cima será prolongado. Dia 31 de outubro, domingo, é o Dia das Bruxas, dia 1 de novembro, segunda-feira, é feriado, por se celebrar o Dia-de-Todos-os-Santos, e o dia seguinte é dedicado aos mortos, o Dias dos Finados, 2 de novembro. Mas de onde vêm estas tradições que parecem estar ligadas desde o início dos tempos?
Na cultura dos celtas, um povo oriundo da região da Bretanha e que se expandiu pelo resto da Europa por volta de 1000 A.C., havia muitas festividades em honra da natureza e dos deuses que a controlavam. Uma dessas festas era o “Samhain”, no fim da época das colheitas, a 1 de novembro. Repara como vem tudo daí:
- assinalava-se então o fim do tempo de calor e o começo da estação mais fria e escura do ano e dizia-se que os espíritos malignos rondavam a Terra nessa altura;
- ao escurecer, as pessoas vestiam-se de branco, tapavam a cara e acendiam fogueiras para afastarem esses maus espíritos das casas;
- também esculpiam nabos e transformavam-nos em armadilhas para afastar os espíritos e prender as fadas que quisessem esconder-se dentro de casa.
No séc. II d.C., a religião católica quis diminuir a importância dessas festas pagãs com a criação de um feriado em honra de todos os santos católicos – “Hallowmas” , que passou para “All Hallow” ou “All Saints’Day (traduzindo, Dia de Todos os Santos). Rezava-se também pelas almas dos que ainda não tinham alcançado o Céu. Só que, na véspera, as pessoas continuaram a celebrar o “All Hallow”.
Com o passar dos séculos, as tradições combinaram-se e o dia 31/10 começou a chamar-se “All Hallow’s Eve”, mais tarde, “Halloween”. Na véspera do dia 1/11, havia o “souling”, um costume em que as crianças, mascaradas de anjos, diabos ou santos, andavam a bater às portas, pedindo “bolos das almas” ou “soul cakes”, oferecendo em troca orações pelos mortos. Estes docinhos tinham uma cruz marcada no topo – quando se comia o bolo, isso significava que havia uma alma do Purgatório que se libertava. Pode encontrar-se aqui a explicação para a “doçura ou travessura” (trick or treat, em inglês). E quando os adultos nada davam, eram “castigados” com partidas.
Em Portugal, também surgiu uma tradição parecida: no dia 1 de novembro, as crianças gritavam às portas “pão por Deus” e as pessoas davam-lhes rebuçados, chocolates, fruta ou dinheiro. E este pedido do “pão por Deus” apareceu depois do Terramoto de 1755, que ocorreu nesse mesmo dia: morreu muita gente e milhares de crianças esfomeadas bateram às portas a pedir “pão por Deus”.
Quanto às abóboras com ar assustador, usadas como lanternas nos EUA, uma das explicações é a de que os primeiros colonos, que chegaram à América vindos de terras com tradições celtas, não encontravam tão facilmente nabos para fazer as lanternas conforme a tradição secular, logo, viraram-se para as abóboras.
Mas estas abóboras assim decoradas também são inspiradas na lenda de Stingy Jack, um homem com muitos maus hábitos, sempre bêbedo, mas que conseguira fazer o Diabo prometer-lhe que nunca iria parar ao Inferno. Contudo, quando morreu, não o deixaram entrar no Paraíso, por isso, o Diabo deu-lhe uma lanterna feita com um nabo e assim ficou ele a deambular pela Terra até hoje, assombrando com sua lanterna acesa. Claro está que esta figura inspirou a criação do Jack O’Lantern, a abóbora assustadora que é um dos símbolos do Halloween.
Texto: Maria José Pimentel
Podes ver como se fazem bolachas assustadoras para o Dia das Bruxas aqui.
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