5G: A net mais rápida ainda vai demorar a chegar

5G: A net mais rápida ainda vai demorar a chegar

É anunciado como o futuro das telecomunicações sem fios – dos telemóveis, sim, mas também de maior conectividade entre pessoas e equipamentos. Como vai ser a vida com o 5G?

O que significa 5G?

 

Significa quinta geração. Quando surgiram os primeiros telemóveis (1G), na década de 1980, os equipamentos eram grandes e pesados e só permitiam fazer chamadas de voz. Dez anos depois (2G), os telemóveis ficaram mais pequenos e dava para escrever e enviar mensagens curtas, as SMS. Em 2003, os telemóveis passaram a ter ligação à Internet, e em 2007 os ecrãs “touch screen” começaram a substituir as teclas (3G). A partir de 2009, os smartphones que conheces tornaram-se comuns e permitem fazer mil coisas (4G): ver vídeos, ouvir música, fazer videochamadas, aceder às redes sociais, jogar, etc.

 

O que muda?

 

Alta velocidade e mais dados em menos tempo. Esta é a promessa da nova geração. Por exemplo, na altura do 3G, o download de um filme de duas horas demorava mais de um dia (26 horas!). Agora demora seis minutos e com o 5G bastam 3,6 segundos. Vais poder ver vídeos em 3D no telemóvel. Com óculos 3D será possível assistires a um jogo de futebol em direto como se estivesses no estádio. O mesmo vai acontecer com um concerto. E nas cidades os sistemas de gestão serão mais eficientes: se uma estrada estiver com muito trânsito, o semáforo pode ficar verde mais tempo para descongestionar a circulação. O mesmo acontece com os peões: se não há carros a passar, o sinal para atravessar não fica vermelho. E em casa? O frigorífico vai avisar quando acabar o leite. As luzes ligam e desligam quando é preciso. O portão da garagem abre quando identificar o carro a chegar a casa. É uma interligação constante e em tempo real, a chamada Internet das coisas.

 

Quando chega?

 

Ainda não é para todos, mas o 5G já existe no nosso país. Matosinhos é desde outubro do ano passado a primeira cidade 5G em Portugal. A operadora NOS anunciou que a rede estava 100% operacional para testes. Uma das experiências foi feita na vigilância das praias: um drone captou imagens de vídeo a 360 graus que foram recebidas num centro de operações. Quando foi identificado um surfista em perigo, ativaram-se de imediato os meios de socorro, diminuindo o tempo de auxílio.
Em maio, a Vodafone Portugal e a Vodafone Espanha anunciaram a primeira ligação 5G mundial entre dois países (roaming). O campeão de e-gaming Ricardo “Fox” Pacheco atravessou a fronteira entre Tui (Espanha) e Valença (Portugal) numa carrinha com ligação wi-fi em 5G, a jogar online, e a ligação manteve-se sem falhas.
Em novembro, a Altice instalou cobertura total 5G na Altice Arena, em Lisboa, para os participantes da WebSummit, e fez a primeira videochamada nacional com a rede 5G.
Ou seja, para já as operadoras estão em fase de testes. A Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom) explica que a nova geração exige grandes investimentos nas redes. Até o 5G chegar a todo o país ainda vai demorar algum tempo.

 

E a espionagem?

 

Quando se fala de Internet e ligações wi-fi surge de imediato a preocupação com a segurança dos nossos dados – a cibersegurança. E com uma nova geração de telecomunicações à vista, que facilita a transmissão de grande volume de informações, os receios aumentam. Têm sido muito noticiadas as suspeitas de espionagem da Huawei e os apelos dos Estados Unidos para os países não utilizarem a tecnologia da fabricante chinesa. O Governo português diz que os riscos estão a ser avaliados mas não são novos nem estão só relacionados com o 5G. E lembra que a Anacom definiu regras para que as empresas que disponibilizam redes públicas protejam os utilizadores.

 

Texto: Sandra Alves