A complexa questão das viagens no tempo

A complexa questão das viagens no tempo

São ou não possíveis? A resposta parece simples, um redondo não, dirás. Mas o tema, que começou a ganhar forma no final do século XIX, dá pano para mangas. Einstein que o diga. Uma história de dimensões e buracos negros, em que até os gémeos têm lugar.

Se és fã de livros ou filmes, é muito provável que já te tenhas deparado com este tema. As viagens no tempo inspiram o mundo da literatura e do cinema há décadas. Tempo mais do que suficiente, pensarás tu, para que consigamos afirmar com certezas se estas viagens são ou não possíveis. E embora a resposta pareça simples (claro que não são, estás tu a dizer aos teus botões), não é tão linear.

 

O princípio

 

Primeiro, há que perceber como é que nasceu a ideia das viagens no tempo. Para isso, temos de recuar até finais do século XIX, quando os cientistas desenvolveram a noção do tempo como uma dimensão. À imagem do que acontece com o espaço. E se nos conseguimos mover no espaço, porque não no tempo? Depois, veio a teoria da relatividade especial de Einstein. Uma das principais conclusões do físico alemão foi que tanto o espaço como o tempo podem ser “maleáveis”. Ou seja, dependerão da velocidade relativa de quem os mede.

 

O paradoxo dos gémeos

 

Tanto que até já há, em teoria, uma forma de avançar no tempo. É o famoso “paradoxo dos gémeos”. Um deles, imagina, vai até ao sistema estelar Alpha Centauri numa nave que se move quase à velocidade da luz, o outro fica na Terra. Sabes o que vai acontecer quando o primeiro regressar? Vai ser muito mais jovem. Janna Levin, física do Barnard College em Nova Iorque (Estados Unidos), resume-o assim: “A minha experiência da passagem do tempo é absolutamente normal, envelheço normalmente, não estou mais avançada no meu futuro do que o normal. Mas viajei para o futuro do meu irmão gémeo”.

 

Sim ou não?

Depois, ainda há os buracos negros. E os buracos de verme, por exemplo. Tudo estruturas que supostamente funcionam como pontes de uma região do espaço-tempo para outra. Confuso? O assunto não é simples. E se estás a perguntar “mas afinal, as viagens no tempo são ou não possíveis?”, a melhor resposta que podemos dar é possivelmente esta: teoricamente sim, na prática não. Até porque continuamos sem conseguir desenvolver tecnologias que nos permitam fazê-lo.

Texto: Ana Tulha