No outro lado do Atlântico, há uma campanha eleitoral ao rubro que aponta baterias ao próximo dia 2 de outubro, data das eleições presidenciais. O país está em contagem decrescente. Jair Bolsonaro e Lula da Silva são os principais candidatos em confronto. Afinal, o que está em causa?
Os candidatos e as sondagens
Há dois grandes protagonistas nestas eleições para a presidência do Brasil: Jair Bolsonaro (o atual presidente) e Lula da Silva. O segundo, que é também ex-chefe de Estado, do Partido dos Trabalhadores (PT), lidera a corrida eleitoral com 45% das intenções de voto, segundo a última sondagem do Instituto Datafolha. Ou seja, estima-se que quase metade dos eleitores brasileiros votem nele.
O atual presidente, Jair Bolsonaro, do Partido Liberal (PL), conta com 32% das intenções de voto. As eleições giram à volta destes dois candidatos já que tudo indica que nenhum outro se vai sequer aproximar em número de votos. Basta ver que, agora, em terceiro lugar está Ciro Gomes, com apenas 9%. Mas atenção que a decisão só acontece a 2 de outubro.
Lula da Silva: o ex-presidiário
Foto: Miguel Schincariol/ AFP
É um grande imbróglio político, mas vamos simplificar. O ex-presidente Lula da Silva, que governou o Brasil entre 2003 e 2011, esteve envolvido num escândalo de corrupção e lavagem de dinheiro, o Lava-Jato (há até uma série da Netflix inspirada no caso, “O Mecanismo”) e chegou mesmo a ficar 19 meses preso, entre 2018 e 2019. Mas acabou solto, porquê? Depois de ter sido condenado a mais de 12 anos de prisão, Lula acabou por ser libertado a 8 de novembro de 2019, porque o Supremo Tribunal Federal considerou que houve vários erros no processo, incluindo a existência de um juiz parcial. Na prática, Lula da Silva não foi considerado inocente, mas os processos foram anulados e arquivados, porque as regras não foram respeitadas. Por isso, agora, longe dos holofotes da Justiça, Lula decidiu recandidatar-se à Presidência do Brasil.
Bolsonaro: o polémico
Foto: Albari Rosa / AFP
O atual presidente, Jair Bolsonaro, é conhecido pelas suas polémicas posições populistas, racistas, homofóbicas e misóginas. É um admirador confesso da ditadura. E é um caso de extremos no Brasil: adorado por muitos num autêntico fanatismo, odiado por tantos outros. Somou dezenas de casos controversos durante o mandato, nomeadamente na forma como geriu a pandemia, quando comparou a covid-19 a um “resfriado”. E o Brasil, que muito ignorou as recomendações da Organização Mundial da Saúde, acumulou mais de meio milhão de mortes. Mais: Bolsonaro lutou para cortar apoios à Cultura, brincou com as preocupações ambientais e até insultou magistrados. Importa ainda recordar que se encontrou com Vladimir Putin, uma semana antes da invasão russa da Ucrânia.
Contagem decrescente
A primeira volta das eleições é a 2 de outubro. Mas é provável que não fique tudo decidido já nesse dia. Para vencer à primeira volta é preciso que um dos candidatos consiga mais de 50% dos votos. Se isso não acontecer, os brasileiros vão ter que voltar a ir às urnas numa segunda volta. Os mandatos de presidente no Brasil duram quatro anos e começam a 1 de janeiro.
Uma campanha, a desinformação à solta
A campanha tem sido recheada de confrontos e as fake news estão ao rubro. Já na campanha de 2018 a desinformação andou à solta, especialmente pelo WhatsApp. E os especialistas são unânimes em considerar que isso teve impacto nos resultados eleitorais que deram a vitória a Jair Bolsonaro. Desta vez, as notícias falsas voltaram à carga, em plataformas como o TikTok e o Telegram, apesar dos esforços das instituições, sociedade civil e empresas de tecnologia para as combater. Há vídeos com milhões de visualizações que mostram Lula a beber uma bebida e que asseguram falsamente ser cachaça, outros a desacreditar a facada que Bolsonaro sofreu durante a campanha de 2018. Também circulam afirmações falsas de que, se for eleito, Lula vai mandar fechar as igrejas e comparações mentirosas dos preços da gasolina durante os governos de Lula e do atual presidente.
Texto: Catarina Silva