Microplásticos: O risco minúsculo aos olhos que comemos e respiramos

Microplásticos: O risco minúsculo aos olhos que comemos e respiramos

Partículas de pequena dimensão, mais pequenas do que um grão de arroz, já foram encontradas em sítios improváveis, inclusive no corpo humano. Os alertas soaram alto, há estudos em andamento, comportamentos a alterar.

No ar e na água, em (quase) todo o lado

Os microplásticos são partículas de plástico, tal como o nome indica, com uma dimensão inferior a cinco milímetros (mais pequenos do que um grão de arroz). Há dois tipos. Os primários que são fabricados propositadamente para serem usados em produtos de plásticos. E os secundários que resultam da fragmentação de produtos maiores que se vão degradando em partículas mais pequenas, chegando aos tais cinco milímetros, e que estão em praticamente todo o lado: no ar, na água, nos oceanos, em comidas, em produtos de higiene, no sangue, no corpo humano.

 

Nos pulmões, no sangue, na placenta, nas fezes

Os investigadores não largam os microplásticos, querem perceber os seus efeitos e até onde são capazes de se infiltrar. Em 2022, um grupo de cientistas anunciou ao Mundo que essas partículas tinham sido encontradas em pulmões de pessoas vivas, muito provavelmente inaladas pelo nariz (até porque os microplásticos também ficam em suspensão no ar).

Nesse mesmo ano, mais uma má notícia: microplásticos são detetados na corrente sanguínea. Já tinham sido encontrados em fragmentos no coração, em fetos humanos, em fezes de adultos e de crianças. Estas minipartículas podem chegar aos tecidos dos rins, ao fígado e ao cérebro, alertam os investigadores que se debruçam sobre o assunto.

A comunidade científica está a analisar quanto tempo é que os microplásticos permanecem no corpo humano e a avaliar as consequências que tudo isso pode trazer para a saúde. O que já se sabe é que ratos expostos a grandes quantidades de plástico desenvolvem inflamações intestinais. E há cada vez mais evidências de que os microplásticos ficam presos nas membranas exteriores dos glóbulos vermelhos, limitando a sua capacidade de transportar oxigénio. Há, portanto, motivos para preocupações.

 

Vestuário, higiene, pó e areias

Os microplásticos estão em areias, no pó que se inala, em água engarrafada, em peixes que se comem, em roupas que se vestem. Produtos de higiene e cosméticos, como pastas e escovas dos dentes, champôs, gel de banho, cremes e também detergentes, contêm microesferas plásticas usadas como esfoliantes. E as partículas que não são filtradas pelas estações de tratamento de água acabam por ir parar ao mar, afetando a vida marinha. Quase um terço (30%) da poluição por plástico nos oceanos provem das microfibras das roupas que se vão soltando no processo de lavagem após lavagem. O problema não está propriamente no plástico, até porque, por exemplo, há dispositivos médicos fundamentais feitos neste material, a grande questão é o que se faz com ele. A forma como é utilizado.

 

Pequenos conselhos, grandes atitudes

● Lavar a roupa em sacos próprios para conter a libertação de microfibras de plástico na máquina de lavar
● Evitar a utilização de embalagens de plástico de uso único, principalmente as que estão em contacto com comidas
● Evitar embalagens de supermercado
● Ventilar a casa, tudo indica que as concentrações de microplásticos no ar são maiores nos espaços interiores do que no exterior
● Usar champô em barra
● Festas de aniversário livres de plástico
● Oferecer produtos sem plástico
● Evitar plástico que não seja reciclável
● Reciclar, reciclar, reciclar

 

Texto: Sara Dias Oliveira
Foto: Deemerwha studio/adobestock