O açúcar e seus substitutos (e as dúvidas por desfazer)

O açúcar e seus substitutos (e as dúvidas por desfazer)

Adoçantes artificiais infiltram-se nos alimentos, comidas e bebidas, e o seu consumo exagerado pode trazer complicações à saúde – ao intestino, ao coração, ao metabolismo. O Mundo anda atento ao assunto e às suas implicações.

A saúde é um bem demasiado precioso, toda a gente sabe que os açúcares ingeridos em excesso não fazem nada bem ao organismo – é certo que são necessários para dar energia, mas são altamente prejudiciais se houver abuso. A indústria alimentar está atenta às preferências dos consumidores e não abdica de dar aquele gostinho doce. O problema é o corpo. Eis então que surgem os adoçantes artificiais. Corta-se de um lado, acrescenta-se noutro. E há muitas questões que continuam a pairar no ar.

 

Sacarose, stevia, alulose

 

Menos açúcar por motivos de saúde. É uma questão de bem-estar. Mas o mercado não dorme e encontra forma de apresentar alimentos sem calorias extras. Tira-se o açúcar, aparecem os seus substitutos. Os consumidores precisam daquela doce dose. Aquele doce com menor número de calorias por grama.

Há a sucralose, descrita como substância sintética utilizada em substituição dos adoçantes artificiais. Há a stevia, adoçante natural proveniente de uma planta com o mesmo nome. Há também a alulose, açúcar natural encontrado em alimentos de origem vegetal. E há ainda o eritritol, adoçante obtido a partir da fermentação da sacarose, o açúcar de mesa.

Todos eles andam por aí, em pães, iogurtes, sopas enlatadas, molhos para saladas, condimentos, snacks, bolinhos e bolachas. Nos últimos anos, o número de produtos alimentares com substitutos do açúcar com baixa caloria não tem parado de aumentar.

 

Controlar o peso?

Menos açúcar, mais saúde. Menos açúcar, menos peso. A lógica é essa. Só que os falsos açúcares têm os seus problemas que têm vindo a ser analisados à luz da ciência. Nos Estados Unidos, por exemplo, fala-se em efeitos na saúde. Ingerir alimentos ultraprocessados com açúcar é associado à obesidade e outras doenças crónicas.

E, muitas vezes, não se sabe o que se consome. Há adoçantes de alta intensidade mais doces do que o açúcar de mesa, alguns são sintéticos, a sacarina, o aspartame, a sucralose. E, muitas vezes, não se percebe a lista dos ingredientes das embalagens dos suprimentos alimentares. Adoçantes de baixa caloria em alimentos para bebés e crianças devem ser bem analisados.

 

10% do valor energético diário é o limite que a Organização Mundial da Saúde recomenda de ingestão de açúcares. Para benefícios adicionais para a saúde, sugere que esse limite seja reduzido para 5%, o que equivale a 25 gramas ou cerca de seis colheres de chá

 

Regras e práticas

 

O Mundo pede menos açúcar, uma alimentação saudável deve ter limites bem controlados de açúcares, o mercado lança a mão aos adoçantes artificiais, não nutritivos. É o mesmo que dizer vamos lá encher prateleiras com alimentos e bebidas adoçados artificialmente. Os falsos açúcares até podiam passar pelo nosso corpo e não causar danos, nenhuma alteração metabólica a registar, nada digno de nota, apenas ativar o gosto doce nas nossas línguas. Nada mais. O problema é que há perguntas e consequências do impacto do consumo em grandes quantidades.

A Organização Mundial da Saúde já alertou para efeitos indesejáveis a longo prazo devido à ingestão de substitutos do açúcar. E a indústria rebate que não há riscos nos adoçantes de baixa ou nenhuma caloria, que são uma alternativa segura para reduzir o consumo de açúcares.

 

As papilas gustativas e o cérebro

 

A verdade é que surgem estudos que vão revelando, aqui e ali, que os adoçantes artificiais e substitutos de açúcar alteram as funções intestinais e mesmo o habitat deste órgão composto por bactérias, vírus e fungos. O controlo de açúcar no sangue pode piorar. A resistência à insulina, e, por conseguinte, ter diabetes, também é um sinal. As células podem parar de responder à insulina por causa do consumo regular de substitutos de açúcar que confundem o sistema.

Um dos exemplos que os investigadores têm referido é a confusão que esses falsos açúcares provocam nas papilas gustativas que avisam o cérebro que têm algo doce na boca, só que como não há calorias, não há energia, e a cabeça interpreta mal o sinal. O que pode acontecer é ter vontade de comer coisas doces, doses generosas de açúcar. E, já se sabe, mais peso, mais complicações cardiovasculares, mais doenças cardíacas. O coração também sofre.

 

O que fazer?

Moderar o consumo. Açúcar em excesso é altamente desaconselhado em qualquer parte do Mundo. Cautela, muita cautela, ao trocar alimentos açucarados por substitutos do açúcar. Consumir adoçantes de baixas calorias com peso e medida. Atenção, bastante atenção, à composição e lista de ingredientes dos alimentos. Ler bem as embalagens, os rótulos, as letras mais miudinhas e os números mais pequenos. Não colocar à mesa alimentos altamente processados, ricos em adoçantes e outros aditivos.

Texto: Sara Dias Oliveira
Ilustração: Freepik