O que é o lixo espacial e como se pode intrometer na nossa vida

O que é o lixo espacial e como se pode intrometer na nossa vida

A ida do homem além da atmosfera foi responsável por mudar o nosso Mundo. Afinal hoje é difícil imaginar como viveríamos sem satélites. Contudo, essa revolução também deixou um grande rastro de entulho no caminho.

O espaço tem sido estudado com vista a melhorar as telecomunicações, para avaliação ambiental, gestão de recursos, desenvolvimento do turismo, alargar o que conhecemos da Ciência e para benefício da segurança internacional.

Contudo, assim como o nosso Planeta, também o espaço tem sido alvo da acumulação de lixo. Este lixo espacial é basicamente um conjunto de objetos criados pelos seres humanos que se encontram em órbita ao redor da Terra e que já não têm nenhum propósito útil. Apesar da pouca preocupação que se deu no passado, hoje em dia é um problema que tem sido discutido e um tema que se tem tornado bastante preocupante.

Com base nas informações fornecidas pela European Space Agency (ESA), 6% dos objetos que se encontram no espaço são naves espaciais que ainda estão funcionais e 94% são objetos sem qualquer funcionalidade, denominados por lixo espacial, dos quais 13% são destroços originados por missões anteriores, 17% correspondem a foguetes, 21% são naves espaciais antigas e que já não estão em funcionamento e 43% são fragmentos originados por explosões e colisões.

 

Qual é, aproximadamente, a quantidade total destes destroços?

 

Dados fornecidos pela ESA revelam que 330 milhões são objetos com diâmetro inferior a um centímetro, um milhão têm entre um e dez centímetros e 36500 objetos são maiores que dez centímetros. Tendo em conta que as velocidades a que viajam estes destroços são elevadas, podem eventualmente provocar vários danos.

 

Como é que este lixo nos pode afetar?

 

O fenómeno de fragmentação dos objetos existentes na órbita da Terra pode comprometer as missões que possam vir a ser realizadas, uma vez que os resíduos podem viajar até uma velocidade de 56 mil km/hora e colisões com detritos maiores de dez centímetros podem causar a destruição de uma nave espacial operacional, ou mesmo de um satélite, promovendo a “Síndrome de Kessler”. A “Síndrome de Kessler” é o fenómeno que dita que “a quantidade total de destroços espaciais vai continuar a aumentar, fazendo com que colisões dêem origem a mais destroços o que leva a mais colisões, numa reação em cadeia”, segundo explicou no site da NASA Don Kessler, especialista em detritos espaciais daquela agência.

A NASA confirma que os destroços que não se desfazem com as altas temperaturas provocadas pela queda na atmosfera, caiem principalmente em oceanos ou em grandes áreas onde existe pouca população e que até agora nenhuma propriedade foi atingida, não causando assim danos graves. No entanto, mesmo não existindo um impacto direto na saúde das populações, existe um impacto grande a nível ambiental que não pode ser ignorado, uma vez que há mais lixo a ser deixado nos oceanos e na superfície do Planeta que não é devidamente tratado.

 

O que é que tem sido feito para reduzir este lixo?

 

A ESA defende que a limpeza é urgente e, segundo Luisa Innocenti, cientista da ESA, as únicas maneiras de resolver este problema são: não continuar a poluir o espaço e os detritos serem removidos. Algumas soluções passam pela programação de satélites para saírem da órbita no fim da sua vida útil e autodestruírem-se ao entrarem na atmosfera e a reutilização dos foguetes que retornam à superfície intactos, por exemplo.

Texto: Joana M. Soares