O World Press Cartoon está nas Caldas da Rainha

O World Press Cartoon está nas Caldas da Rainha

Desde 28 de maio, o Centro Cultural e Congressos das Caldas da Rainha tem as portas a abertas à 17.ª edição da grande exposição do World Press Cartoon (WPC) de 2022.

Sabes o que é um cartoon?

Trata-se de um desenho, animado ou não, que pretende criticar um aspeto da sociedade ou uma personalidade emblemática. Assume muitas vezes um carácter humorístico, mas, por vezes, também denuncia, de modo subtil e simbólico, o lado negro da vida. Na sua essência, num cartoon, exageram-se os contornos da realidade ou os traços de alguém para enviar uma mensagem ao público.

Quando olhamos para um cartoon, apreciamos os traços do desenho, as cores, o que tudo representa e procuramos perceber qual a mensagem que o seu criador, o cartoonista, quis transmitir. Ou seja, apreciar um cartoon passa por muitas fases de “leitura” das diferentes linguagens artísticas lá escondidas e esse é um dos desafios mais giros.

À medida que crescemos, vamos aprendendo mais com as coisas do dia a dia e isso ajuda-nos a perceber cada vez melhor as mensagens escondidas por detrás de um cartoon. Acontece, muitas vezes, que percebemos só um bocadinho de um desses desenhos aos 10 anos, aos 20 abrimos a boca de espanto por encontrar outras interpretações e, aos 30, descobrirmos ainda mais algumas. Enfim, o cartoon é como uma “caixinha de surpresas”.

Para o concurso deste ano do WPC, os cartoonistas interessados deveriam enviar trabalhos produzidos em 2021 e publicados na imprensa ou online. Participaram quase 300 cartoons de 181 cartoonistas oriundos de mais de 70 países, cada qual com a pincelada artística singular e o olhar particular e crítico do seu autor sobre o mundo. Em fevereiro, um júri internacional decidiu tudo.

E o prémio foi para…

O grande prémio foi atribuído a “Angela Merkel”, do argentino Matias Tolsá, uma caricatura da carismática líder alemã, que abandonou a chefia do seu governo e que aparece aqui “um pouco cabisbaixa”, talvez por ter deixado o palco do mundo.

Em segundo lugar ficou “Bolsonaro”, do alemão Frank Hoppmann, que retrata assim o lado “furioso” do político brasileiro.

E no terceiro lugar do pódio estão “Jeff Bezos, Elon Musk, Richard Branson”, do espanhol J. Aldeguer, retratando os multimilionários que dominam o mundo tecnológico.

 

A portuguesa Cristina Sampaio recebeu uma menção honrosa com o seu cartoon sobre o poder de outro mega-empresário, “Mark Zuckerberg” e a sua “espertice” a gerir o Facebook (agora Meta), enriquecendo a todo o custo.

Categoria Cartoon Editorial, o primeiro lugar foi atribuído a “Terror”, do colombiano ano Jaime Andrés Poveda, revelador de um dos efeitos perversos do domínio dos talibãs, cortando a liberdade às mulheres.

Segue-se “Primero los Ricos… Países”, do mexicano Angel Boligán Corbo, uma denúncia sarcástica à desigualdade no acesso às vacinas contra o vírus da Covid-19.

Em terceiro lugar ficou “Prisioneiros do vírus”, do polaco Segmente Zaradkiewicz, novamente com a temática da pandemia, mostrando o lado negativo das máscaras de proteção que dominaram a nossa vida e cortaram a nossa liberdade.

Mas há muitos mais cartoons para ver nas Caldas da Rainha. A exposição decorre até ao dia 28 de agosto e tem entrada livre.

Texto: Maria José Pimentel