No dia 8 de abril, assinalou-se na nossa escola o Dia do Patrono. Mas este ano, a festa teve especial significado, porque, se fosse vivo, Adriano Correia de Oliveira (ACO) faria 80 anos. Por isso, as celebrações tiveram um toque especial que aqui partilhamos com os leitores do JN TAG.
Houve diversas atividades ao longo do dia para os alunos: torneios desportivos, coreografias de dança, Jogo da Glória, Olimpíadas e várias exposições: cravos elaborados pelos mais pequenos, textos escritos pelos alunos (cartas, poemas, pensamentos…). Fica aqui só um pequeno resumo.
De manhã, assistimos à apresentação de um trabalho muito completo dos alunos de 9ºano sobre emigração em Portugal intitulado “A Mala de Cartão – Ontem e Hoje”. O ponto de partida foi um poema de Rosalía de Castro, escritora galega do séc. XIX, sobre a emigração do seu povo, musicado por ACO nos anos 60/70 do séc. XX, onde este cantautor faz a conexão com o êxodo dos portugueses da sua pátria mergulhada na opressão do regime salazarista. Podes ouvir aqui:
Da mesma forma, os alunos quiseram saber como está a acontecer a emigração no seio das famílias de Avintes em 2022. Através de um questionário online a todos os alunos, recolheram e trataram os dados. Assim, a apresentação deste mega trabalho aconteceu no dia 8 com pompa e circunstância (o mesmo já havia sido apresentado num Fórum da Junta de Freguesia de Avintes a 28/1).
As turmas de 6.º, 7.º e 8.º ano colaboraram com o painel com o mote, “Com mãos se faz o poema…”. Já os alunos do Coro Adriano Correia de Oliveira, acompanhados pelo Clube de Guitarra, encantaram com os temas mais significativos de Adriano. Houve tempo ainda para uma sessão de poesia e mais música com “Novos Talentos”.
Aqui vai uma amostra:
O programa estendeu-se pelo serão, com Porto de Honra, e o espetáculo foi aberto à comunidade educativa.
Ficam aqui alguns registos de um dia de festa como há muito tempo não víamos na Escola Adriano Correia de Oliveira
Apontamento sobre Adriano Correia de Oliveira
Nasceu em Avintes, em 1942 e foi um músico português, intérprete da canção de Coimbra e cantor de intervenção. Estudou 1º em Gaia, onde se iniciou no teatro e ajudou a fundar a União Académica do Porto. Depois, estudou Direito na Universidade de Coimbra, onde interveio ativamente nas organizações estudantis, como solista e guitarrista. Pertenceu assim à Tuna Académica. Apaixonou-se então pelo característico fado de Coimbra. Com a ajuda de compositores e amigos, começou a editar trabalhos musicais. Parte para Lisboa, onde continua a sua produção musical a par de trabalho no gabinete de imprensa da FIL. Escolhe poemas de Manuel Alegre e de outros escritores assumidamente de intervenção contra a opressão do regime do Estado Novo. Alguns dos seus discos são censurados, mas Adriano continuou na mesma linha no mercado discográfico. Depois do 25 de Abril de 1974, ganha ainda mais notoriedade pela sua associação a Zeca Afonso, Luís Cila e Fausto, outros cantautores famosos da canção de intervenção.
Morreu em 1982, na quinta da família em Avintes. Na memória, ficaram canções como “Trova do Vento que Passa”, “Canção com Lágrimas” e “Barcas Novas”.
Texto: Ana Cruz – CRBE Adriano Correia de Oliveira – Agrupamento Gaia Nascente