Foi em Angola que Jesualdo Ferreira viveu parte da infância e adolescência e onde despertou para o gosto pelo futebol. Desse tempo, em Nova Lisboa (agora Huambo), o treinador só guarda “boas memórias”. “Foi um tempo muito feliz. Vivíamos, naquela altura, com alguma liberdade, porque estávamos numa terra em que as relações entre as pessoas eram boas, com um bom clima e capacidade financeira para se viver bem”, recorda.
Em criança, Jesualdo brincou muito na rua, proporcionando-se “uma atividade física muito intensa e até precoce em algumas áreas”. “Notei isso quando voltei para Portugal e fui para Chaves. Havia uma diferença bastante grande entre aquilo que era a minha motricidade motora e a minha capacidade de pensamento em relação aos meus colegas”, relata.
A vivência por terras africanas deixa saudades por ter sido muito positiva para a sua formação e para o que veio a ser o futuro do treinador de futebol. Jesualdo veio para Portugal em 1961, quando rebentou a Guerra Colonial, mas voltou por duas vez, uma como selecionador nacional de Angola e outra como treinador do Benfica. Ver as diferenças, em 1989, entre a Angola que encontrou e a que tinha deixado foi o que mais o marcou.
Em Huambo, houve muita bola no pé, mesmo que estivesse longe de imaginar que viria a tornar-se um treinador de referência. Já em Portugal, jogou no Desportivo de Chaves e depois na Ovarense, antes de trocar o futebol profissional pela carreira universitária, para evitar a tropa e o Ultramar. Licenciado em Educação Física, deu aulas, mas o grande objetivo “sempre foi ser treinador”. Conseguiu impor-se há 47 anos e, aos 75, sem ter “nenhum objetivo em vista” ou novo clube, o seu foco é “pensar naquilo que é melhor para o futebol e para o futuro”.
Texto: Sara Oliveira
Foto: Pedro Granadeiro/Global Imagens
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