O ano já vai a meio e estamos no mês das festas dos santos populares. São 3 santos + 3 festas + 3 noites memoráveis = alegria e tradição de Norte a Sul!
As festas dos santos populares têm pontos em comum:
– celebram três santos – Santo António (dia 13), S. João (dia 24) e S. Pedro (dia 29);
– são em junho, quando acontece o solstício de verão no hemisfério norte (o Sol tem a maior declinação em latitude, medida a partir do Equador), assim, há mais luz solar e, no dia 21 (o dia mais longo do ano), começa o verão;
– são festejos populares na rua, que envolvem foguetes, música, dança, sardinha assada, caldo verde e manjericos
Santo António
As Festas de Lisboa acontecem na noite de 12 para 13 de junho, dia de Santo António e é feriado. Há arraiais, desfiles, concursos, música, comida e bebidas nas ruas da capital. A animação dá um colorido, sons e aromas característicos aos bairros populares – Alfama, Graça, Bica, Mouraria, Madragoa, entre outros – que se enchem de estrangeiros e de gente de outras partes do país e que convivem com os “alfacinhas” nos arraiais. As ruas enfeitam-se com arcos, balões e manjericos. Nos largos e vielas come-se caldo verde e sardinha assada, canta-se e dança-se pela noite dentro.
Destaque ainda para o concurso das marchas populares de cada bairro, que desfilam entre a Avenida da Liberdade e o Rossio, exibindo centenas de figurantes. Outro momento forte é a procissão de Santo António, que no dia 13 sai da sua igreja, em Alfama.
Foto: Nuno Pinto Fernandes/ Arquivo Global Imagens
E ainda falta falar dos Casamentos de Santo António. Foram criados há 25 anos para ajudar os noivos apaixonados, mas com dificuldades financeiras, a darem o nó, pagando-lhes a despesa da boda. Os casamentos, todos ao mesmo tempo, são apadrinhados por Santo António. É preciso não esquecer que este é o santo padroeiro que tem fama de casamenteiro, favorecendo quem quer apaixonar-se, dá harmonia aos casais, protege os pobres e ajuda a encontrar coisas perdidas.
São João
Na noite de 23 para 24 de junho, o S. João arrasta para as ruas do Porto um mar de gente que desagua num ambiente de muita música, cheiros típicos e cor à mistura. Todos ficam contagiados pelas tradições desta festa popular um pouco diferente. Cada bairro, esquina ou casa prepara tudo a rigor, transformando a cidade num verdadeiro palco de festa. E o típico é isto: a gente passeia-se pelo fresco da noite de um lado para o outro, batendo nas cabeças dos que passam com martelinhos “irritantes” de plástico colorido ou chegando-lhes ao nariz um alho porro bem “cheiroso” e ninguém leva a mal.
Magotes de pessoas formam “cobras”, correndo de mãos dadas e cantando, e não faltam aqueles que se atrevem a saltar fogueiras espalhadas por todo o lado. E este mar de gente espanta os estrangeiros que escolhem esta data de propósito para visitar o Porto. Come-se sardinha assada, broa e caldo verde, pois claro, e oferecem-se vasos de manjerico aos namorados com versos a condizer!
Mas há muito mais! Embora o S. João não seja o padroeiro da cidade – Nossa Senhora da Vandoma passou a ser a padroeira da cidade em 1981 – é a maior festa do Porto, com direito a feriado municipal. São João Baptista, primo de Jesus, foi fruto de um milagre (a mãe engravidou já muito idosa) e o seu nascimento foi anunciado com uma fogueira. Deste modo, a festa é preenchida com muitas tradições simbólicas à volta destas circunstâncias. Assim se explicam as fogueiras e o alho-porro (símbolo de fertilidade). Não faltam no céu característicos balões iluminados, o magnífico fogo de artifício e as cascatas são joaninas, uma outra forma de celebrar o santo.
São Pedro
Na noite de 29 de junho, comemora-se, então, o São Pedro, também com festas populares por Portugal fora. A data assinala a morte do apóstolo Pedro, amigo de Jesus e o primeiro Papa. Em algumas cidades, é feriado municipal: Póvoa de Varzim, Sintra, Montijo, Évora, Castro Verde, São Pedro do Sul, Seixal, Macedo de Cavaleiros, Ribeira Grande, Felgueiras e Bombarral. As festas mais importantes são em terras mais ligadas à faina no mar – a saber: Afurada (bem pertinho do Porto), Póvoa, Sintra, Montijo, Seixal, Ribeira Grande (nos Açores). Repetem-se as tradições das festas anteriores para que o mês de junho termine em grande.
Nas festas de São Pedro da Afurada, os pescadores, com trajes tradicionais, carregam santos numa procissão imponente, enquanto os barcos que atracam na ribeira do Douro são abençoados. Pelo meio, há a Cascata de Fogo, espetáculo de fogo de artifício invertido sobre o tabuleiro da Ponte da Arrábida.
Nas festas de São Pedro da Póvoa de Varzim, durante uma semana há cortejos, missas, concertos, arruadas e uma procissão que homenageia os três santos do mês. A não perder a Inauguração dos Tronos, um concurso entre bairros para se ganhar o prémio de trono mais belo.
No São Pedro do Montijo oferecem-se flores à estátua de São Pedro, há largadas e corridas de toiros, muitos foguetes (“alvoradas”) de manhã, procissão noturna e a Queima de Babel – um barco que é queimado, lembrando as fogueiras de S. João.
Vamos às festas?
Texto: Maria José Pimentel