O Pai Natal, o pinheiro e os presentes dominam o nosso imaginário natalício, mas, acima de tudo, o Natal é uma festividade da religião cristã. No Natal celebra-se o nascimento de Jesus Cristo, que os cristãos acreditam ser o Messias enviado por Deus para salvar o Mundo. Mas no Mundo existem outras culturas e religiões que, por diferentes motivos, não celebram esta festa como a conhecemos.
As diferentes tradições na religião cristã
A celebração do Natal tal como a conheces, com missa do galo e a família reunida à mesa na noite de 24 e no dia 25 de dezembro, é uma tradição dos cristãos católicos – aqueles que seguem a Igreja Católica de Roma e que reconhecem no Papa a autoridade religiosa máxima. O cristianismo é a religião com mais fiéis em todo o Mundo e mais de metade dos cristãos são católicos. Mas também há os cristãos ortodoxos e os protestantes. Os ortodoxos também celebram o Natal, mas como seguem um calendário diferente do católico festejam o nascimento de Jesus 13 dias mais tarde, a 7 de janeiro. A Rússia e a Ucrânia são dois países em que o Natal se festeja nesta data. Os ortodoxos também vivem o Natal em família, mas sem a tradição do Pai Natal e da troca de prendas, que é feita a 4 de dezembro, no dia de S. Nicolau (um santo conhecido pela generosidade). A mesa de consoada dos ortodoxos é composta por 12 pratos, que representam os 12 apóstolos de Jesus, e a carne não faz parte da ementa. Já os protestantes optam por celebrar o Natal de forma mais simples e há muitos que nem sequer o festejam, por considerarem ter origens pagãs (em tradições que celebravam mais do que um deus) ou por não encontrarem na Bíblia nada que confirme que Jesus Cristo nasceu, de facto, a 25 de dezembro.
O Hanukkah dos judeus
Os judeus não celebram o Natal, mas também têm uma festividade a 24 de dezembro: o Hanukkah. É errado dizer que este é o “Natal” do judaísmo – religião praticada por mais de 14,5 milhões de pessoas em todo o Mundo – porque os judeus, apesar de acreditarem em Jesus Cristo, não celebram o seu nascimento, pois consideram que é um profeta e não o Messias. O Hanukkah é conhecido como “a festa das luzes” e celebra a vitória do povo judeu contra a opressão e perseguição religiosa. Os festejos do Hanukkah decorrem ao longo de oito dias e a cada dia é acesa uma vela no “menorah”, um castiçal de nove braços que simboliza esta festa judaica. Nesta quadra, as crianças costumam receber dinheiro e as panquecas de batata e os “sufganiyot” (uma espécie de donuts com geleia) fazem parte da tradição gastronómica.
As Eid dos muçulmanos
Os muçulmanos, praticantes do islamismo (a segunda maior religião do Mundo), não celebram o Natal mas respeitam esta celebração cristã. Reconhecem a importância do profeta Jesus, mas seguem os ensinamentos e louvam Maomé, o último profeta de Deus (Alá, em árabe). Os muçulmanos têm duas grandes festas religiosas: o Eid Al Fitr e Eid Al Adha. O Eid Al Fitr celebra o fim do jejum imposto pelo Ramadão e comemora-se no primeiro dia do décimo mês do calendário islâmico, que em 2018 será a 14 de junho. As celebrações incluem orações, um grande almoço na casa de um familiar mais velho e a oferta de presentes às crianças. Já o Eid Al Adha, também conhecido como “A grande festa” ou a “Festa do sacrifício”, acontece 70 dias após o Ramadão e depois da peregrinação a Meca. Esta segunda grande celebração islâmica dura quatro dias (no próximo ano começará a 21 de agosto) e glorifica a memória do profeta Abraão, que sacrificou o seu filho, Ismael, à vontade de Deus. Neste feriado, os muçulmanos juntam-se nas mesquitas a ler o Alcorão e recordar o profeta. Uma das tradições mais importantes nesta data consiste em “sacrificar” (matar) alguns animais, cuja carne é dividida entre familiares, amigos e pessoas mais pobres.
Jesus é um “Bodhisattva” para os budistas
A fé dos budistas é em Buda – nome pelo qual foi popularizado Siddhartha Gautama -, o que faz com que não celebrem o nascimento de Jesus. Contudo, consideram-no um “Bodhisattva”, ou seja, alguém iluminado e movido por um grande sentimento de compaixão, pelo que nutrem enorme respeito por esta celebração cristã. Mais popular nos países asiáticos, o budismo também é praticado no Ocidente e quem aqui vive, muitas vezes, acaba por assinalar o Natal de uma forma puramente espiritual. Uma das principais festividades é o Vesak, que costuma decorrer em maio, e que celebra a vida e pensamento de Buda. Este feriado costuma ser celebrado com a colocação de lanternas coloridas e incenso nos templos budistas, onde os fiéis também deixam oferendas a Buda.
As celebrações da energia divina do Hinduísmo
Mais praticado na Índia e no Nepal, o hinduísmo é muito diferente das outras religiões. Aqui não há um fundador ou “Messias” e celebram-se várias divindades – do deus criador do universo ao deus do amor. Os hindus têm 14 feriados festivos ao longo do ano, em que celebram as energias divinas. O Diwali, que costuma realizar-se em outubro ou novembro, é um dos mais populares. É conhecido como o “festival das luzes” e celebra a vitória do bem sobre o mal. Esta celebração religiosa dura cinco dias e é a favorita dos mais novos, pois há muitas luzes acesas, é lançado fogo de artifício e os mais pequenos recebem doces e prendas.
Texto: Catarina Cruz
Ilustração: Francisco Araújo