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1 de Dezembro: o golpe de estado do nosso contentamento

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No dia 1 de dezembro é feriado em Portugal, pois celebra-se a Restauração da Independência, que aconteceu nesse dia, mas em 1640.

O essencial fica já aqui: Portugal estava sob o domínio dos espanhóis, um grupo de revoltosos planeou e levou a cabo um golpe de Estado bem sucedido e assim recuperámos a nossa independência e um novo rei, D. João IV, passou a governar o reino.

Contudo, vale a pena andar um pouco para trás e dar valor ao que nesse dia foi conseguido.

A 4 de agosto de 1578, as tropas portuguesas foram quase dizimadas numa batalha em Marrocos, mais precisamente em Alcácer-Quibir. Não só morreram muitos soldados como também desapareceu o rei de Portugal, o jovem D. Sebastião, que nunca mais foi encontrado.

Ora, este rei, o último da Dinastia de Aviz, não tinha filhos, o que gerou um grave problema de sucessão. Durante dois anos, o governo ficou a cargo do Cardeal D. Henrique, o seu mais direto sucessor, mas este teve dificuldades em gerir a monarquia e a sua debilidade física levou à sua morte.

Em 1580, as Cortes Portuguesas aclamaram D. António Prior do Crato, ainda descendente de D. Manuel I, como novo rei, mas este reinado tinha os dias contados. Durou exatamente 30 dias.

De Espanha já vinham há muito as pretensões ao trono português de um outro candidato. O rei Felipe II, apesar da ilegitimidade sanguínea, clamava ser ele a melhor escolha como hábil diplomata que era, acenando com a estabilidade financeira a um país à beira da bancarrota e com pouco ânimo moral. Conseguiu derrotar as tropas portuguesa na batalha de Alcântara em agosto desse ano, autoproclamou-se rei de Portugal nas Cortes de Tomar como Felipe I em 1581 e assim perdemos a nossa independência.

Constituiu-se uma União Ibérica governada por ele e que subjugou o nosso território a altos impostos e a um domínio tirânico e corrupto, obrigando os soldados portugueses a participarem em conflitos que os espanhóis tinham com outros reinos por essa Europa fora. E assim, durante 60 anos, Portugal foi governado por três reis espanhóis (Felipe I, II e III), gerando-se um crescente descontentamento na população portuguesa.

Então, no dia 1 de dezembro de 1640, um grupo de nobres, os Quarenta Conjurados como ficaram conhecidos, lideraram um golpe de estado revolucionário, invadiram o Paço Real em Lisboa , mataram o representante de Espanha em Portugal, Miguel de Vasconcelos, e aclamaram D. João, duque de Bragança, como D. João IV, rei de Portugal. Este novo rei iniciou a Dinastia de Bragança. Esse dia também ficou para a História como o momento da Aclamação da Independência de Portugal.

A revolta alastrou por todo o território e consolidou a nossa autonomia contra as várias tentativas espanholas de anulação da nossa autodeterminação como nação independente.

Durante 28 anos, os portugueses e o seu novo rei empenharam-se em esforços diplomáticos junto de outros países para dar legitimidade ao nosso território como nação independente e envolveram-se em diferentes conflitos e batalhas contra os vizinhos espanhóis. No fim, tudo acabou bem: em 1668 assinou-se o Tratado de Lisboa, um compromisso pela paz entre Espanha e Portugal, além de promover o reconhecimento de Portugal como Reino.

 

Texto: Maria José Pimentel

 

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