Elas estão lá, à vista de todos e escondem muitos segredos. Só temos de as conhecer melhor. É que muitas árvores guardam preciosidades que só descobrimos se olharmos para elas com outros olhos, conhecendo a sua história, a sua orgânica: são histórias de viajantes, vidas de imigrantes, contos de anciões, percebidas apenas através do conhecimento. Enfim, verdadeiros tesouros do património natural da cidade estão à tua espera.
Se moras perto do Porto e ficaste curioso, podes juntar-te aos teus amigos e/ou familiares e ver “o que os olhos não veem” neste passeio diferente, para descobrires, explorares e deixares-te maravilhar com as árvores e os espaços históricos onde vivem e como estas influenciam a paisagem doa cidade.
A oitava visita da rota “As Árvores Desconhecidas” é o “Uptown Porto”, dia 21 de maio, entre as 14.30 horas e as 17 horas, na Boavista. O percurso tem três partes e começa nos jardins, em estilo modernista dos anos 50, situados na casa de Marta Ortigão Sampaio. Depois, seguimos pelo espaço onde se realizava antigamente a Feira do Livro e que vem do início do século XX. Terminamos no Cemitério oitocentista de Agramonte. Pelo meio, visitamos árvores excêntricas que embelezam e perfumam os ares da cidade.
Ao longo deste passeio, vamos perceber que há árvores que “se vestem” de azul e outras que usam longas “saias”, que se enfeitam com “tulipas” ou se perfumam com “âmbar líquido”. E unem a Europa à América do Norte.
Para participares, ficas a saber que as inscrições (individuais) são gratuitas, mas obrigatórias, porque há um limite até 20 vagas, e são realizadas unicamente através do formulário respetivo.
A propósito, partilhamos um poema em que “as árvores” falam connosco sobre o que lhes vai na alma.
Eis-nos mortas, de rastos, pelo chão!
E fomos belas, altas e frondosas.
E demos doces frutas saborosas
Que mataram a sede e foram pão.
Em nós, cheias de enlevo e mansidão,
Fizeram ninho as aves amorosas.
Pelas sestas de Julho a arder, piedosas,
Fomos a sombra e a voz da solidão.
Fomos o berço do Homem e o seu lume;
Demos-lhe bênção, cantos e perfume;
Caixão, em nós descanso até final.
Demos a vida a quem nos tira a vida:
Mas só nos dói a ingratidão sofrida
De um mal inútil, – feito só por mal!
in «A Alma das Árvores» , 1918(?), de António Correia de Oliveira
A Rota das Árvores do Porto enquadra-se no projeto Florestas Urbanas Nativas no Porto – FUN Porto – que pretende expandir a área verde no Porto e favorecer a ligação dos moradores a estes recursos vitais para a sustentabilidade da cidade. O projeto integra várias iniciativas complementares, nomeadamente o programa “Se tem um jardim, temos uma árvore para si”, a “Rede de Biospots do Porto”, o “Viveiro de Árvores e Arbustos Autóctones do FUTURO” e o “Porto Biolab”.
Texto: Maria José Pimentel