As tatuagens são perigosas?

Exuberantes ou mais discretas, a preto ou coloridas, as tatuagens nunca estiveram tão na moda. Ídolos da música como Justin Bieber, Miley Cyrus, Agir ou Carolina Deslandes têm vários desenhos por todo o corpo e, provavelmente, já te passou pela cabeça fazer uma tatuagem quando fores grande. Mas, atenção, há riscos associados às tatuagens que não podes esquecer!

 

Porque é que as pessoas fazem tatuagens?

Tatuar o corpo é uma prática muito antiga. As primeiras tatuagens terão sido feitas no Egito, entre 4000 e 2000 a.C, e esta prática atravessou várias culturas e civilizações. Ao longo do tempo, as diferentes culturas deram variados usos às tatuagens: serviram como amuleto para dar sorte; para marcar na pele a passagem da infância à idade adulta; identificar criminosos; mostrar que alguém pertencia a um grupo; ou apenas para embelezar o corpo humano. Hoje, as pessoas também tatuam desenhos de que gostam para se sentirem mais bonitas, para recordarem pessoas e momentos importantes, desejos que querem um dia cumprir, para atraírem a boa sorte ou poderem ter na pele palavras inspiradoras que as acompanhem todos os dias.

 

As tatuagens são para sempre ou podemos removê-las?

Quando se faz uma tatuagem, o objetivo é que seja para a vida. Por isso, é preciso pensar muito bem antes de se decidir tatuar a pele, para que não surjam arrependimentos mais tarde. É preciso ter a certeza da tatuagem que se quer fazer, em que parte do corpo e do tatuador a quem se entrega esta tarefa. Ao longo dos tempos, as técnicas de tatuar foram evoluindo e também foram surgindo formas de apagar as tatuagens. Mas se tatuar dói, remover uma tatuagem da pele também. Há várias técnicas a laser que permitem retirar cor às tatuagens ou mesmo removê-las totalmente, mas os resultados não são 100% garantidos: dependem do tamanho e cores da tatuagem, do tipo de tinta e das técnicas utilizadas pelo tatuador e do tipo de pele do tatuado. Normalmente, são necessárias várias sessões para remover ou atenuar a cor de uma tatuagem e, por vezes, a pele fica sem cor, mas com uma sombra do desenho que lá estava.

 

A pele reage toda da mesma forma às tatuagens?

Não. Todas as peles são diferentes e reagem de forma distinta às tatuagens – há quem nunca apresente efeitos secundários e há quem possa ficar com relevos ou com a pele inflamada e com comichões quando apanha sol. Mas para o sucesso de uma tatuagem também conta o tatuador e as condições de higiene e qualidade dos materiais com que trabalha. Até as cores podem aumentar ou minimizar os riscos. As tintas vermelha, laranja e amarela são as mais perigosas, porque contêm um composto que, ao sol, se espalha pelo corpo e pode aumentar o risco de cancro. Já o verde e azul metálicos contêm níquel, que pode causar alergias. O preto é a cor que apresenta menos risco. Mas não risco zero.

 

O que acontece à pele quando se faz uma tatuagem?

Quando se faz uma tatuagem, a zona do corpo a tatuar é repetidamente picada por uma agulha que injeta tinta para dentro da pele – estima-se que a pele seja perfurada entre 50 e 3000 vezes por minuto. É esta ação repetida que faz com que os pigmentos (as cores) se fixem na pele. Quanto maior for a tatuagem, maior o número de picadas e de tinta que entra no corpo. Como podes imaginar, picar tantas vezes a pele dói e faz com que ela sangre. Tal como acontece quando cais, a pele fica ferida e vai criar uma crosta, pelo que é necessário ter vários cuidados para não infetar.

 

As tatuagens são perigosas?

Ainda há muito por descobrir acerca do efeito que as tatuagens podem ter, mas já existem algumas certezas. Para começar, as condições de higiene e o material usado são fundamentais para minimizar o perigo. Têm de ser usadas agulhas, luvas e máscaras descartáveis (apenas para um cliente e que depois vão para o lixo) e todo o outro material desinfetado. Estas normas são fundamentais para evitar doenças transmissíveis, como o HIV, hepatite B ou hepatite C. As tintas a aplicar devem ser aprovadas pela União Europeia. E há sempre o risco de alergias às tintas ou de infeções na pele.

Recentemente, um estudo científico mostrou que a tinta não fica apenas na pele, mas que algumas partículas microscópicas chegam aos gânglios linfáticos – órgãos que desempenham um papel fundamental na defesa do organismo contra vírus e bactérias. Esta descoberta gerou grande preocupação, mas ainda não foi provado que as tintas possam provocar linfomas (um tipo de cancro).

Texto: Catarina Cruz
Ilustração: Francisco Araújo