As temperaturas sobem e as vidas mudam. Ou será o contrário?

As temperaturas sobem e as vidas mudam. Ou será o contrário?

Os termómetros escaldam e registam recordes nunca antes alcançados. Tempo mais quente e mais incêndios, menos glaciares e menos água. O Mundo tem razões para estar seriamente preocupado. Há hábitos que têm de mudar.


Foto: Nuno Pinto Fernandes/ Global Imagens

 

Julho, o mais quente de sempre

O mês passado é apontado como o mais quente de sempre desde que há registos nesta matéria. A temperatura média global subiu. Julho fica marcado por ondas de calor extremo, incêndios devastadores, água do mar a chegar aos 36 graus, a superfície do solo a ultrapassar os 60.

O problema é que esta realidade já não será a exceção à regra, tudo indica que seja a própria regra. E os líderes políticos de todo o Mundo estão apreensivos com as consequências das alterações climáticas, que deixaram de ser uma ameaça longínqua. Há anos que cientistas e investigadores do clima alertam para recordes de calor devido a várias decisões com dedo humano.

 

A ferro e fogo. Havai, Canadá, Grécia, Tenerife


Foto: Justin Sullivan/Getty Images/AFP

As imagens são difíceis de esquecer. Há fogo, há mortes, há paisagens destruídas, há terra queimada, há descrições de segundos, horas e dias de horror. Havai ardeu, a ilha de Maui deixou de existir tal como era, o registo de vítimas mortais já ultrapassa uma centena. Os relatos são complexos de digerir.

Há poucos meses, a Grécia debatia-se com vários incêndios, milhares de pessoas abandonaram casas e hotéis. Canadá também sofreu com os fogos, em junho, e a nuvem de partículas de fumo era tão densa que chegou a Portugal, e agora, na semana passada, quatro incêndios obrigaram à retirada de milhares de pessoas da maior cidade do norte do país, Yellowknife.

Tenerife, ilha espanhola, também não tem descanso com os fogos, mais de 26 mil pessoas foram retiradas das suas casas, as chamas invadiram um perímetro de 70 quilómetros. Não é normal, nada disto é normal.

 

O tempo avariou de vez?

Os fenómenos climáticos extremos são cada vez mais frequentes. Verões cada vez mais quentes. Quem não nota o tempo mais abafado, a água do mar mais quente no norte, as noites menos frias? O solo cada vez mais quente. Quem não reparou no estado de seca severa e extrema em 40% do território nacional, decretado pelo Governo?

Chuvadas relâmpago cada vez mais persistentes (por vezes, com granizo à mistura). Quem não viu campos e terras alagados e culturas agrícolas devastadas pelos fortes pingos que caíram este ano? É o tempo que anda desregulado ou somos nós que não nos portamos bem? A ciência tem respostas. O que o Homem faz ao Ambiente tem repercussões. Não há volta a dar.

 

2100

É o ano em que a Terra poderá ter metade dos glaciares que tem hoje. O alerta surgiu há dias num estudo publicado na Nature, revista científica britânica bastante conceituada. A Antártida e a Gronelândia estão fora dessas previsões baseadas na crise climática que o Planeta atualmente vive.

 

Texto: Sara Dias Oliveira