E se o espaço tiver a forma de um donut?

Já comeste um donut, aquele “pãozinho” doce em forma de círculo com um buraco no meio? Agora, imagina que vivemos dentro de um, com estrelas, planetas e galáxias. Parece uma ideia um bocado maluca, não é? Mas alguns cientistas acham que isso pode ser real.

O que é o espaço? 

 

Antes de mais, vamos situar-nos. O espaço é como um imenso palco onde tudo acontece: a Terra, a Lua, o Sol e todas as outras estrelas e planetas estão nesse palco gigante. Mas, ao contrário dos palcos que conhecemos, o espaço não tem um final, parece que nunca acaba.

As formas do espaço

 

Durante muito tempo, os cientistas pensavam que o espaço era plano, como uma folha de papel infinita. Mas, com o tempo, começaram a surgir outras ideias. E uma dessas ideias é a de que o espaço pode ter uma forma diferente, como a de um donut.

Como assim um donut? 

 

Vamos imaginar o seguinte: se o espaço fosse um donut, e começássemos a viajar em linha reta por ele, a dada altura voltaríamos ao mesmo sítio de onde partimos, como se estivéssemos a andar pela borda de um donut gigante. Isso seria muito diferente do que estamos acostumados a pensar.

O que dizem os cientistas

 

Alguns cientistas, como Yashar Akrami, do Instituto de Física Teórica de Madrid, estão a explorar essa ideia. Eles fazem parte de uma equipa internacional chamada Compact, que está a tentar descobrir qual é a forma do espaço. Em maio, essa equipa explicou que a questão da forma do universo ainda é um assunto em aberto e que os deixa muito curiosos.

Uma espécie de videojogo 

 

Se o espaço for finito, mas sem bordas, ele pode ter a forma de um “3-toro”, uma espécie de donut tridimensional. Isso significa que, se viajarmos longe suficiente numa direção, podemos acabar por voltar ao ponto de partida, como num videojogo onde saímos pela direita do ecrã e reaparecemos na esquerda.

À procura de cópias do universo

 

Se o universo tiver uma forma assim, poderíamos ver cópias de nós mesmos e da nossa galáxia em diferentes partes do espaço. Mas isso é difícil de observar porque a luz demora tempo a viajar e porque a nossa galáxia está sempre em movimento. Os cientistas estão à procura dessas cópias, mas ainda não encontraram nenhuma evidência de que existam.

A radiação cósmica de fundo

 

Uma das melhores maneiras de tentar descobrir a forma do universo é estudar a radiação cósmica de fundo, um brilho fraco que sobrou do Big Bang e que pode mostrar padrões repetidos, como impressões digitais duplicadas no céu. Até agora, também não se encontraram esses padrões, mas isso não significa que não existam.

A ciência está cheia de surpresas.

Texto: Filomena Abreu