Abalada pelo streaming e trucidada pela pandemia, a indústria cinematográfica atravessa a maior crise de sempre. Enquanto isso, a Netflix tem cada vez mais utilizadores, gera receitas de milhões e conta 18 filmes nomeados para esta edição dos Oscars.
A indústria do cinema está a atravessar uma das maiores crises de sempre. O futuro dos filmes no grande ecrã já se encontrava em risco por causa das plataformas de streaming, como a Netflix ou HBO, que têm cada vez mais utilizadores satisfeitos por poderem ver tantos filmes no conforto de casa.
Mas a pandemia de covid-19 piorou tudo. Com os cinemas fechados ou praticamente vazios em quase todo o Mundo, não houve lucro num negócio que vive essencialmente das receitas de bilheteira. A questão é: será que o cinema vai superar este momento tão difícil? A resposta não é fácil. Quem anda no meio acredita que sim, que o cinema vai vingar. Mas pode nunca mais voltar a ser o que era.
A primeira grande viragem pode estar para acontecer. A 93.ª edição dos Oscars, que decorre no domingo (madrugada de segunda-feira em Portugal), poderá ficar na história. Tal como aconteceu nos Globos de Ouro, no mês passado, o principal vencedor dos Oscars 2021 pode ser a Netflix.
Netflix coleciona 18 nomeações
É que a plataforma de streaming norte-americana tem 18 filmes nomeados nas mais diversas categorias. “Mank”, “Os 7 de Chicago”, “A voz suprema do Blues”, “Pieces of a woman”, “Era uma vez um sonho”, “A caminho da lua”, “Shaun, o carneiro, o filme: a fazenda contra-ataca”, “Crip Camp” e “Professor Polvo” são alguns dos filmes da Netflix nomeados para grandes categorias, como melhor filme, melhor ator ou melhor atriz, melhor filme de animação ou melhor documentário.
Receitas do streaming disparam
À boleia de uma pandemia que nunca mais acaba, os serviços de streaming crescem sem parar. As receitas da Netflix em 2020 aumentaram muitos milhões, assim como o número de utilizadores. E as previsões apontam para uma subida de cem mil milhões de dólares até 2025.
Já no cinema, para tornar tudo ainda mais complicado, além de não terem receita, as grandes produtoras têm sido afetadas pelo aumento de custos que as medidas de prevenção da covid-19 impõem. Há dificuldades para viajar e filmar em vários países, os voos estão mais caros, são necessárias equipas de prevenção para o caso de ser preciso substituir alguém doente e os testes e os equipamentos de proteção também fazem crescer a despesa.
Grandes trunfos com estreias adiadas
Está tudo mais lento e mais caro. Aliás, não é por acaso que Hollywood tem vindo a adiar a estreia de certos filmes, alguns por atraso, outros por serem trunfos à espera do momento certo. Exemplos? O novo “Batman” que ia estrear em junho de 2021, afinal, só será apresentado em março de 2022. Também a chegada aos cinemas do novo James Bond – “007: Sem tempo para morrer” – já teve três datas anunciadas. De abril de 2020 passou para abril de 2021 e agora para outubro. É caso para perguntar: será desta ou o futuro do cinema ameaça tornar-se uma “missão impossível”?
Texto: Inês Schreck
Ilustração: Freepik