As mesas lá fora enchem-se de pratos diferentes, de acordo com a cultura local. Se para os brasileiros é normal comer rã, para os portugueses isso parece insólito. Se bem que, legalmente, o nosso cardápio já inclui iguarias como larvas e grilos. O que diz a ética de tudo isso?
Somos habitantes do Mundo e culturalmente distintos, mesmo no que diz respeito às nossas rotinas à mesa. Neste texto, fica a saber como são os hábitos alimentares noutros países ou regiões. Diferenças à parte, globalmente une-nos o combate ao desperdício e a aposta, cada vez maior, numa cozinha verde, que respeita o ambiente.
Filipinas
Fica a conhecer o Balut, um prato super proteico. Basicamente, é um ovo cozido, com o embrião do pato em desenvolvimento.
Itália
Já ouviste falar do Casu Marzu? Em tradução livre significa queijo podre. Feito de leite de ovelha, a principal característica da sua maturação é o auxílio de larvas vivas de mosca. Esses bichinhos fazem com que o queijo atinja um alto nível de fermentação, muito parecido com o estado de decomposição. Dizem que o sabor é inesquecível…
Vietnam
Os morcegos são mamíferos muito abundantes neste país. Por isso, não é de estranhar encontrar essa iguaria pronta em restaurantes, ou crua, nos mercados, para ser preparada em casa.
Texas, EUA
Além de inusitado, este é um prato difícil de preparar. Primeiro, é preciso capturar a cascavel e decapitá-la. Depois, é necessário tirar a pele do réptil e colocá-lo a secar durante uma hora. No fim, corta-se e frita-se a cobra. Serve-se com molho.
América do Sul
As aranhas são animais que podem causar muito medo, mas em alguns lugares podem ir para a panela. A caranguejeira não é venenosa. Além disso, por serem grandes e carnudas, são a espécie de aranha mais comida no Mundo.
Algumas regiões de África
O macaco integra a lista de comidas estranhas. Geralmente, estes animais são caçados, abrem-lhes o corpo, limpam-lhes as veias e retiram-lhes o cérebro antes de serem cozinhados.
Tailândia e China
Os bichos-da-seda são utilizados para produzir tecidos. Contudo, também podem ser iguarias. Na China, por exemplo, as larvas são fritas com cebola, temperos, molhos e ovos de galinha. Por isso, o prato é quase uma espécie de omelete.
Escócia
Este prato pode parecer estranho, mas é muito comum entre os escoceses e possui até um nome típico: haggis. É composto por coração, pulmões e fígado de ovelhas cozidos dentro do estômago do próprio animal.
Austrália
Pode arrepiar, mas os cangurus também são um prato típico do país. A carne é ingerida picada e cozida a vapor, ou comida em sopas. Até o rabo do animal é utilizado. É tão popular que é vendida em mais de 900 lugares, de pizzarias a hotéis.
Peru e Equador
Habitualmente criados como animais domésticos, em alguns países os ratinhos podem ser uma iguaria muito apreciada e recebem até um nome específico: cuy. Geralmente, o animal é servido grelhado ou assado e o seu tamanho, pequeno mas gordinho, enche o prato.
Noruega
Sendo um país nórdico onde a caça a renas e a mamíferos marinhos, como baleias e golfinhos, é legal, torna-se natural que nos menus dos restaurantes encontres iguarias destas, mesmo que te pareça estranho.
Brasil
A rã e o jacaré são classificados como peixe. Por isso, não é de estranhar que estes animais também sejam servidos como refeição. Outra comida estranha é a farofa de formiga. Nas regiões rurais do país, comer formigas é comum. Além disso, o inseto pode ser tostado e comido como snack.
E por cá
Em Portugal, além do cozido, do cabrito, das sardinhas e de outros pratos típicos, também já é legal comer insetos.
Foi no ano passado que a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária autorizou, ao abrigo do Regulamento Europeu para os Novos Alimentos, a colocação no mercado de forma transitória de alguns insetos: dois tipos de grilos, duas espécimes de larvas, dois géneros de gafanhotos e um besouro. Os insetos podem ser comercializados inteiros (mortos) ou moídos, como farinha.
Ética na alimentação
Como podemos comer com ética? A resposta pode ser encontrada nas premissas que fundamentam as questões atuais do combate ao desperdício, ao excesso de carne e aos produtos processados e no apreço à cultura de uma cozinha mais verde.
Por exemplo, o veganismo popularizou-se por trazer mais ética à cozinha, uma vez que tem por base uma alimentação sem a morte de animais, aproveitando os seus derivados (como leite e ovos). É um modo ético e mais ambiental de levar a cabo a culinária.
Por outro lado, cada vez mais nascem aplicações que apelam ao combate ao desperdício, que promovem a circulação de alimentos excedentes em estabelecimentos comerciais.
Ou seja, comer eticamente pode simplesmente ser o respeito pela comida, pelo próximo e pelo planeta Terra.
Texto: Joana M. Soares