Há decisões que podem depender da vida ou do teu feitio, mas uma coisa é certa: nem todos nascem para trabalhar até depois de o sol se pôr e nem todos preferem contar com o salário garantido ao fim do mês.
Ser patrão pode parecer a vida perfeita se pensares naquele dono da empresa que nem precisa de lá pôr os pés para ter um grande ordenado, vive num casarão, tem um carro de luxo e nunca se preocupa. Ser empregado também pode ser perfeito, se pensares naquele emprego certinho, das 9 às 17 horas, com pausa para almoço, com salário assegurado ao fim do mês e regalias incluídas, como seguro de saúde, 22 dias de férias e um ambiente de trabalho fantástico.
Mas a realidade pode ser muito diferente. Há patrões que são os primeiros a começar o trabalho, muitas vezes quando todos ainda dormem, e são os últimos a acabar, quando todos descansam, sendo que nunca descansam verdadeiramente porque têm de pensar em como vão vender mais ou fechar um negócio, para pagar todas as obrigações (como os impostos!), além dos salários de quem depende deles, mesmo que não consigam pagar o seu próprio salário. E há empregados que trabalham muitas mais horas por dia do que as que lhe pagam, com chefes e colegas que lhe fazem os dias num inferno e, ainda por cima, nem sempre sabem se vão receber a tempo e horas e muito menos podem tirar férias porque o contrato não permite.
Achas que nasceste para ser patrão?
Normalmente, dois indicadores podem dar-te pistas desde cedo sobre qual será a tua vocação: a tua autonomia e a tua tolerância ao risco. A autonomia significa que não precisas de que te mandem estudar, por exemplo, porque preferes ser tu a decidir quando é a melhor altura, definiste os teus objetivos e sabes o que fazer para chegar lá. E a tua tolerância ao risco quase pode ser medida por aquela velha questão: comes primeiro o que gostas mais ou deixas o melhor para o fim? Em princípio, se deixas o melhor para o fim estás mais disposto a arriscar que o teu irmão (ou o cão) te roube a melhor parte. Ou sabes pesar benefícios e consequências e assumes uma escolha mediante a resposta. Neste caso, talvez possas vir a ser patrão, uma vez que vais ter de arriscar nas tuas ideias, definir formas de concretizar o negócio e pensar muitas vezes nas melhores soluções para o futuro.
Quais são os prós e contras de ser patrão?
Muitos patrões sentem-se cansados e sozinhos, porque trabalham desde que acordam até que vão dormir e o peso da responsabilidade de serem eles a decidir tudo sobre a empresa é muito grande. Com o tempo e com inteligência, descobrem bons empregados que ajudam a aliviar as dificuldades, pois esses assumem parte da gestão do trabalho e até das decisões do dia-a-dia da empresa. Assim, talvez o patrão possa ir de férias – mesmo que não desligue o telemóvel e se mantenha atento aos emails. Se não tiverem mesmo muita paixão pelo que fazem, talvez desistam e prefiram ser empregados. Porque, quando algo corre mal na empresa, o patrão pode perder tudo o que tem para pagar as contas. O empregado nunca tem de preocupar-se com isso, mesmo que seja prejudicado por um mau patrão, pois há mecanismos do Estado para ajudar quem perde o emprego. O patrão não tem subsídio de desemprego. Mas a vantagem pode ser não ter de dar satisfações a ninguém, decidir o rumo do negócio e ser dono do próprio tempo.
Será mais fácil ser empregado?
Ser empregado pode ser fácil quando há bons patrões e um bom ambiente de trabalho e te sentes parte de uma equipa que produz algo bom. Se o salário e a apreciação dos chefes te fizerem feliz, então podes ter o melhor emprego de sempre. Mas já sabes que terás de cumprir ordens, seguir instruções dos chefes para atingir os objetivos da empresa e até para gozares férias terás de ter aprovação superior. Se a segurança de teres outra pessoa a dirigir e de ver o salário ser pago direitinho no final de cada mês te agradam, provavelmente nasceste para seres empregado. E isso não é nada mau, porque os patrões dizem que estão sempre a precisar de bons empregados. Do que precisas? Bem, para começar deves ser uma pessoa com capacidade para o trabalho necessário, porque estudaste ou treinaste o suficiente, capaz de cumprir horários e as ordens pedidas pelos chefes, e tens de ser de confiança, caso contrário podes destruir o teu emprego e a tua empresa.
Texto: Erika Nunes
Ilustração: Francisco Araújo