Os dois braços que temos no corpo servem para muita coisa, para abraçar, pois claro. Num gesto simples e singelo, há emoções e sensações envolvidas e hormonas em ação. Por uma causa maior.

Ocitocina, espalhar o amor

Abraçar não é um mero ato físico, não é mecânico nem irrefletido, há toda uma operação complexa a acontecer dentro do corpo e que começa no cérebro. E é aqui que a ocitocina, conhecida como a hormona do amor com toda a justiça, entra em ação na nossa cabeça. Ela é produzida no hipotálamo, segregada por uma glândula, que é do tamanho de uma ervilha, e libertada no cérebro e no sangue. Daí advém a sensação de afeto e de bem-estar que todo o abraço deve significar. Num simples abraço, muita ocitocina e vários sentimentos que nos fazem sentir tão bem, desde o amor à felicidade, do conforto à tranquilidade. Sabe bem, não sabe?

Ah, só mais uma coisinha para sublinhar o poder da ocitocina: esta hormona consegue diminuir níveis de stress e ansiedade e aumentar a sensação de relaxamento.

Cortisol, a hormona do stress

Está tudo interligado. O cortisol, conhecido como a hormona do stress, produzido por umas glândulas localizadas acima dos rins, circula pelo sangue e é responsável pelas respostas que damos a situações de maior agitação, além de regular o nosso metabolismo e reduzir inflamações. Quanto mais altos os níveis de cortisol, mais stress sentimos. E eis que a ocitocina volta a dar o ar da sua graça para reduzir essa agitação que remexe as emoções dentro de nós, baixando o cortisol e instalando o bem-estar.

Aquele abraço, aquele toque

O abraço pode ter o significado que tiver em diferentes culturas, em qualquer parte do Mundo, onde quer que seja. Mas uma coisa é certa. Um abraço significa afeto, amor, amizade, carinho, bem-querer. E tudo isso representa bem-estar e tem efeitos positivos na nossa saúde. Os olhos brilham, o coração sossega, a pele fica mais bonita. Um abraço, em qualquer latitude geográfica, faz bem a qualquer pessoa. É um bálsamo para a saúde física, mental e emocional, sem precisar de receita médica.

Menos infeções, menos doenças

Um abraço tem múltiplas virtudes e a comunidade científica tem analisado o seu poder em determinadas circunstâncias. Está comprovado que faz bem à saúde, que funciona como um tipo de apoio social, que diminui o stress e a ansiedade, que afasta a probabilidade de infeções e de doenças psicológicas associadas a níveis elevados de agitação e de mal-estar como a depressão, por exemplo.

A ciência garante que os níveis de ocitocina libertados durante um abraço protegem a saúde, além de todo o conforto que proporciona nesse momento. Quem nunca se sentiu bem melhor com um abraço? Diz quem sabe, e também quem dá e recebe, que os efeitos de um abraço prolongam-se no tempo. O afeto previne doenças. Ponto final. Por isso, nunca esquecer das boas amizades e dos bons abraços e da sua força para arrumar com qualquer tristeza que paire dentro da cabeça.

Mais do que mil palavras

Quantas palavras cabem num abraço? Muitas, certamente. Abraçar é comunicar sem palavras, em silêncio, num gesto carregado de significado. É o encontro de dois corações. É sentir o calor e o cheiro do outro. É emoção. É amor.

Texto: Sara Dias Oliveira
Foto: Brastock Images – stock.adobe.com