E eis que há decisão sobre o novo aeroporto

E eis que há decisão sobre o novo aeroporto

O Governo decidiu (finalmente) que o novo aeroporto internacional vai ser construído no Campo de Tiro de Alcochete e vai chamar-se Luís de Camões. Mas o debate em torno da localização arrasta-se há mais de 50 anos. Vamos recapitular a história até aqui e dar conta das novidades.

Há mais de 50 anos à espera

Desde 1969, ainda o país vivia debaixo da ditadura, que está em cima da mesa a construção de um terceiro aeroporto no país, que receba voos internacionais e de grande escala. Porquê? Vamos por partes. Atualmente, Portugal tem dois aeroportos internacionais: o Humberto Delgado, em Lisboa, que abriu em 1942; e o Francisco Sá Carneiro, no Porto, inaugurado em 1945. Porém, quase desde a sua construção que se percebeu que o Aeroporto Humberto Delgado, construído na Portela, é demasiado pequeno para a afluência que tem. Mais ainda nos últimos anos, com o crescimento do turismo.

 

Os avanços e recuos

É consensual que é preciso construir um novo aeroporto no país. O que tem gerado debate ao longo das últimas décadas é apenas e só a sua localização. É esse o motivo que tem arrastado a decisão, numa história marcada por muitos avanços e recuos. Em 1999, o Governo em funções chegou a decidir-se pela Ota (Alenquer), mas o projeto nunca avançou. Assim como mais tarde o Montijo foi opção e acabou por não se concretizar. Por várias razões. A crise económica, as questões ambientais ou a resistência das localidades em receberem a estrutura foram sendo os obstáculos.

 

O estudo da Comissão Independente

Ora, o anterior Governo, liderado por António Costa, criou uma Comissão Técnica Independente, formada por um grupo de pessoas sem interesses ou influências no tema, para estudar as várias opções para o novo aeroporto. Essa comissão chegou à conclusão que Alcochete e Vendas Novas eram as melhores localizações. Além disso, recomendou o encerramento do Aeroporto Humberto Delgado, por causa dos impactos na saúde e no ambiente. Ou seja, por ser um aeroporto muito próximo do centro da cidade, o ruído e a poluição causados pelos aviões são um problema.

 

Alcochete é a escolha

Agora, o novo Governo decidiu seguir a recomendação dessa comissão e o primeiro-ministro, Luís Montenegro, anunciou que o novo aeroporto vai ser construído no Campo de Tiro de Alcochete e vai chamar-se Luís de Camões. Além disso, o maior partido da Oposição, o PS, concorda com a decisão. O objetivo é que, no futuro, venha a ser o único aeroporto de Lisboa. Quer isto dizer que, a seu tempo, o Humberto Delgado vai acabar por fechar.

E sim, há razões para o Executivo ter escolhido Alcochete. Para começar, não é preciso fazer expropriações, que significa retirar propriedade privada a alguém, porque os terrenos são todos públicos. Depois, já teve uma declaração de impacte ambiental favorável. Além disso, fica mais próximo do centro de Lisboa do que Vendas Novas e está mais perto das principais estradas e estações de comboio. Mais: permite a hipótese de se expandir a sua capacidade, caso venha a ser necessário mais tarde. Uma curiosidade: o Campo de Tiro de Alcochete tem uma área do tamanho de 400 campos de futebol.

 

Os próximos passos

Não, a construção não vai avançar já. Primeiro, é preciso elaborar uma série de relatórios, estudos, fazer concursos públicos. O Governo estima que só daqui a mais de três anos é que poderão arrancar as obras e que o investimento poderá chegar aos oito mil milhões de euros. Mas, então, quando é que ficará pronto o novo aeroporto? Prevê-se que só daqui a dez anos, em 2034. Até lá, a ideia é fazer obras para expandir o Aeroporto Humberto Delgado e assim dar conta do grande aumento do número de passageiros que se tem feito sentir.

 

Outras novidades

Além do aeroporto, o Governo também quer construir uma nova ponte sobre o rio Tejo, entre Chelas e Barreiro. E linhas de comboio de alta velocidade entre Lisboa e Porto e entre Lisboa e Madrid. No último caso, será possível ir de comboio da capital portuguesa até à capital espanhola em apenas três horas.

Texto:  Catarina Silva
Foto: Reinaldo Rodrigues/Global Imagens