O que queres ser quando fores grande?

O que queres ser quando fores grande?

À medida que a escola avança, tu também vais avançando nas escolhas que tens de fazer até tomares a derradeira decisão: o que quero ser quando for grande? Tomada a decisão, estás preparado para os desafios que essa resposta traz?

Modelos, heróis polícias e bombeiros, atores e atrizes, professores e médicos, futebolistas e atletas. Quem nunca brincou ao faz-de-conta que trabalhava nessas áreas? Na nossa infância, o imaginário era a nossa realidade nas brincadeiras entre amigos, no quarto, na rua ou no pátio de casa. Acontece que, de repente, crescemos e esses sonhos passam a morar apenas nas nossas memórias, mas há quem se encante com as brincadeiras e leve o desejo de criança para a vida adulta. Tudo é possível!

À pergunta, “que profissão gostarias de desempenhar no futuro?”, Constança, de 13 anos, responde que “gostaria de ser veterinária”. Apesar de saber que as médias são elevadas – na Universidade do Porto andam perto dos 18 valores -, esta estudante da Escola Secundária de Rio Tinto não exclui ainda a possibilidade de vir a “fazer voluntariado com animais”. Constança quer aprender como se trata de animais e mostra-se confiante: “Vou conseguir!”

Já Gustavo, de oito anos, quer ser cozinheiro e dirigir um “restaurante famoso”. “Gosto muito de cozinhar e ajudar os meus pais a fazer o jantar”, revela o petiz, que adora “ver o programa ‘MasterChef’”. Mas os planos de Gustavo não se ficam por aqui; partilha também que “gostava de ser jogador de futebol”, porque é o que mais aprecia.

Por sua vez, Lisandra, também de oito anos, está no terceiro ano e diz sem rodeios: “O meu sonho é ser modelo. Gosto de desfilar e usar roupas diferentes e bonitas.” Com esta escolha profissi, Lisandra garante que vai “ajudar as lojas a vender mais”, uma vez que ela gosta de se “sentir bem e gira”.

 

 O top dos cursos

Em Portugal, são as engenharias que lideram o topo da tabela dos cursos mais procurados. No ano passado, a Engenharia Aeroespacial e a Engenharia Física Tecnológica do Instituto Superior Técnico fixaram-se nos dois lugares cimeiros das médias mais altas para entrar na faculdade.

Depois aparece a Engenharia e Gestão Industrial, na Universidade do Porto, como o terceiro curso mais exigente. No ano letivo 2016/2017, pela primeira vez, Medicina não ficou em primeiro lugar nesta tabela, como era hábito, descendo para a quarta posição.

 

 Brilhar ou ganhar a vida? 

“Quando se é pequeno, a construção do conceito de profissão faz-se através do reconhecimento dos outros.” Esta afirmação é da psicóloga Iolanda Barros, que realça o facto de as crianças levarem em conta a fama dos outros, a sua afirmação pública e o sucesso. “Todos os meninos querem ser o Cristiano Ronaldo. Não veem o trabalho e o esforço, apenas o lado bonito e fácil. Mas ser o Ronaldo exige muito esforço e cuidados – por exemplo, não sair à noite com amigos sempre que se quer, analisar o que se pode ou não comer, ir ao ginásio todos os dias”. Em resumo, “apenas se vê que é o melhor do mundo e o mais amado, e por isso quer-se ser igual a ele”.

Entretanto, crescemos. Aprendemos o que é a vida. Que é difícil ganhar a vida. Que é preciso trabalhar muito. “O que mais queremos é que gostem de nós. E aqui o mais importante são os pais. Por vezes, os pais criam expectativas erradas. Ninguém quer que os pais deixem de gostar de nós mas, por vezes, eles não se apercebem da pressão que colocam nos filhos de uma forma inconsciente”, continua a psicóloga. Que dá um exemplo: o “satisfaz mais” é considerado mau por muitos pais. É uma nota acima da média, mas quer-se sempre mais. “Há o medo em relação aos pais, a desilusão, mais do que conhecerem a profissão” para a qual estão a preparar-se.

A sociedade tem evoluído, já não há profissões para o resto da vida como no tempo dos nossos pais, e por isso “é preciso fazer para saber como é, começar a trabalhar e não apenas idealizar”, aconselha Iolanda.

Texto: Joana M. Soares