É um tema pesado e difícil, complexo de entender, com repercussões terríveis para a humanidade. Homens armados, bombas, países contra países, conflitos sem fim à vista. E tantas mortes. Haverá explicação para o que está a acontecer?
Legenda: O palestiniano Fares al-Farra, de 19 anos, posa para uma foto sobre os escombros da sua casa, destruída devido ao bombardeamento israelita em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza. Foto: Bashar TALEB / AFP
Israel e Hamas, o Médio Oriente a ferro e fogo
A 7 de outubro do ano passado, o Mundo tremeu. O grupo palestino Hamas atacou o sul de Israel, fez reféns, pelo menos 700 pessoas morreram. Israel não tardou a retaliar, decretou estado de guerra, atacou a Faixa de Gaza. Desde então, os bombardeamentos não param, as televisões e jornais mostram imagens de horror, crianças mortas, hospitais atingidos por bombas, bairros devastados.
Fala-se em genocídio num conflito que se prevê longo e difícil. O próprio primeiro-ministro israelita, Netanyahu, já avisou que a guerra é para continuar até ao fim, seja lá o que isso significa, mesmo depois da morte do líder do Hamas. Ninguém dorme. Entretanto, Israel atacou o Líbano tendo na mira um alvo direto: o Hezbollah, grupo que resiste à invasão do Líbano por Israel. Há cerca de um mês, Israel anunciou que o líder do Hezbollah estava morto. Todos os dias, há notícias do Médio Oriente.
Ucrânia e Rússia, dois anos e oito meses
Legenda: Uma menina aponta para um cartaz de uma exposição ao ar livre em Kiev, na Ucrânia, onde estão representados militares ucranianos mortos da Brigada Azov. Foto: Sergei Supinsky / AFP
O dia 24 de fevereiro de 2022 ficará para a História. Pelos piores motivos. A Rússia invadiu a Ucrânia. E, desde então, dois anos e oito meses depois, continuam em guerra, com ataques e contra-ataques, territórios ocupados, soldados nas linhas de combate, homens ucranianos proibidos de sair do país para defender o país. Não há números certos, há quem avance que mais de meio milhão de soldados morreram dos dois lados da guerra. As ofensivas não param, desde que a Rússia decidiu entrar armada num país para conquistar território à força. Já houve boicotes a organizações humanitárias que queriam ajudar populações, visitas de líderes internacionais a Kiev, capital da Ucrânia, negociações. Mas nem um anúncio do fim da guerra.
Síria, em permanente instabilidade
Legenda: Membros de famílias sírias dos supostos combatentes do Estado Islâmico com os seus pertences no campo de al-Hol, na província de Al-Hasakah, na Síria. Foto: Delil Souleiman/AFP
A guerra civil na Síria começou em 2011, quando o presidente Bashar al Assad reprimiu, de forma violenta, várias manifestações no país. Grupos da oposição pegaram em armas e a violência nunca mais parou. Já morreram pelo menos 350 mil pessoas e 6,6 milhões tiveram de deixar o país. É um território bastante instável. Ainda em março deste ano, houve uma nova escalada do conflito. A paz parece uma miragem.
Outros lugares, as mesmas feridas
Myanmar, antiga Birmânia, no sudeste asiático, está em guerra civil desde o início de 2021, registaram-se mais combates nos últimos meses, mais de 1,5 milhões de pessoas tiveram de sair de suas casas, duplicando o número de refugiados. Na República Democrática do Congo, na África central, há fogo e violência entre homens armados de forma recorrente, é um lugar perigoso para mulheres e crianças. O Sudão também vive em permanente agitação, combates constantes, nenhuma criança vai à escola, a violência sexual é frequente.
“É demasiado tarde para as dezenas de milhares de pessoas já mortas em Gaza, na Ucrânia, no Sudão, na República Democrática do Congo, em Myanmar, e em tantos outros lugares. Mas não é demasiado tarde para tentar salvar outros milhões de pessoas do flagelo da guerra.”
Filippo Grandi, Alto-Comissário das Nações Unidas para os Refugiados,
numa intervenção do Conselho de Segurança na ONU
“Nova era de conflito”, segundo a ONU
A Organização das Nações Unidas (ONU) disse-o alto e bom som: O Mundo está a viver uma “nova era de conflito e violência”. É um resumo duro vindo de uma organização que teve, aliás, nas suas origens, a vontade de salvar as novas gerações do flagelo da guerra, depois do rasto de devastação deixado por duas guerras mundiais.
O Conselho de Segurança da ONU trabalha precisamente para a manutenção da paz e da segurança internacionais, tentando pôr fim a vários conflitos. Perante uma ameaça, a estrutura coloca pés ao caminho e parte para o terreno para, numa primeira tentativa, recomendar um acordo pacífico às partes envolvidas. A sua intervenção passa mediar conversações, investigar o que se passa, nomear representantes especiais se for necessário, estabelecer princípios para que a guerra nunca seja uma opção na cabeça dos homens. Por diversas vezes, a ONU é chamada à arena internacional para evitar conflitos, restaurar a paz, promover a cooperação entre líderes, entre países, entre povos.
120 milhões
É o número de pessoas deslocadas à força dos seus países.
A guerra é das principais razões para o aumento de refugiados em todo o Mundo.
Gente que atravessa as fronteiras para escapar da violência, da guerra, da perseguição.
Há 10 anos, em 2014, eram 59,2 milhões.
1,7 milhões
É o número de deslocados que tiveram de deixar a Faixa de Gaza,
devido ao conflito no Médio Oriente, até ao fim do ano passado.
Ou seja, 75% da população desse território.
Afeganistão, o regresso dos talibãs ao poder
Pouco depois do 11 de Setembro, os Estados Unidos queriam encontrar Osama bin Laden, e outros líderes da Al-Qaeda, e derrubar o regime talibã. Era a anunciada guerra contra o terrorismo depois dos atentados na América. Bin Laden foi encontrado e morto no seu refúgio no Paquistão em 2011. Dez anos depois, os talibãs regressaram ao poder no Afeganistão, num regime repressivo e muito duro para raparigas e mulheres. Na memória de muitos, estão milhares de pessoas a fugir em direção ao aeroporto de Cabul, muitas tentando agarrar-se às rodas dos aviões em desespero para fugir ao massacre e à prisão.
Duas guerras mundiais nas negras páginas da História
Duas guerras mundiais que viraram o Mundo do avesso e destruíram vidas e países. A I Guerra Mundial começou em 1914 com a invasão da Sérvia e terminou em 1918, com as maiores potências do Mundo envolvidas. De um lado, os Aliados, Reino Unido, França e Rússia. Do outro, os Impérios Centrais, Alemanha e Áustria-Hungria. Não muitos anos depois, A II Guerra Mundial mostrou o horror à Humanidade, o nazismo, a supremacia de um ditador, campos de concentração onde morreram cerca de seis milhões de judeus. Uma guerra que durou seis anos, de 1939 a 1945. E que o Mundo não esquece.
Texto: Sara Dias Oliveira