O lítio é o novo petróleo e Portugal tem muito

Rui Manuel Ferreira / Global Imagens

O lítio é o novo petróleo e Portugal tem muito

Rui Manuel Ferreira / Global Imagens

Já deves ter ouvido falar na polémica sobre as minas de lítio no nosso país. Será que vamos ficar mais ricos com o metal que alimenta baterias do futuro? Ou corremos mais riscos ambientais e de saúde?

O lítio é um metal especial, que pode ser retirado de algumas rochas e com propriedades interessantes, que o Homem explora há mais de cem anos na medicina e na cerâmica. Recentemente, ganhou enorme valor para o fabrico das baterias mais leves e duradouras que já temos nos smartphones, nos computadores portáteis e nos carros elétricos. À velocidade a que estes produtos crescem no Mundo falta muita matéria-prima para as baterias. E nós temos lítio – somos o quinto maior produtor mundial.

 

Quantas minas temos no nosso país? 

Em Portugal, há seis zonas assinaladas para a exploração de lítio, algumas das quais em funcionamento há largas décadas para fornecer a indústria cerâmica, muito antes desta “febre” das baterias: duas a Norte (Serra de Arga e Covas do Barroso) e quatro no Centro (Barca d’Alva, Guarda, Mangualde e Segura). Este ano, o Governo anunciou o lançamento de um concurso público para a exploração de oito novas áreas para a pesquisa de lítio. Em dois anos, houve mais de 40 pedidos para procurar o metal.

 

Como é que se retira o metal das rochas? 

O mineral onde se encontra lítio mais abundante em Portugal chama-se espodumena. Para retirar o lítio desse silicato de lítio e alumínio, a rocha extraída das minas tem de ser aquecida, pulverizada com areia fina, que depois é submetida a reagentes como o ácido sulfúrico. A nova mistura será aquecida, filtrada e concentrada pelo método de evaporação. Dali resulta o carbonato de lítio, que já pode ser transportado e comercializado de forma segura.

 

Vamos ficar ricos com o lítio? 

As grandes quantidades de água e os químicos tóxicos utilizados no processo, bem como a destruição da paisagem, zonas agrícolas e florestais, com toda a sua fauna e flora, são os maiores custos da exploração de lítio a partir da rocha. Valerá a pena? Ou estamos a trocar as energias fósseis por energias que só parecem limpas? Bem, mesmo sem respostas, já se investigam outras baterias amigas do ambiente, que dispensam metais e químicos tóxicos, que podem matar o interesse pelo lítio. E também há quem diga que este ano já vai haver lítio a mais no Mundo e os preços vão cair, eliminando o interesse para Portugal.

Texto: Erika Nunes