O que é falso e o que é verdadeiro?

A desinformação mina a confiança na democracia e destrói processos políticos livres ao comprometer a capacidade de tomar decisões com base em factos reais. Como é que as correntes extremistas beneficiam das fake news? É o que vamos ver.

 

Desinformação. O que significa

Nas palavras da Comissão Europeia, desinformação é “uma informação comprovadamente falsa ou enganadora que é criada, apresentada e divulgada para obter vantagens económicas ou para enganar deliberadamente a população, e que é suscetível de causar um prejuízo público”. Atenção, não confundir com erros de comunicação de informação de forma não intencional ou com sátiras, paródias e notícias e comentários claramente identificados como partidários.

 

Fabricar notícias falsas

Como é que as correntes extremistas beneficiam da desinformação? De várias formas. Fabricando fake news nas redes sociais, por vezes, apropriando-se da imagem gráfica e do tipo de letra usados por meios de comunicação credíveis. Manipulando o que é dito com discursos que lhes convêm e repetindo-os sem parar e insistentemente até parecer um facto real (mas que não é). Espalhando a sua própria narrativa que encaixa nas suas agendas políticas de forma a criar perceções erradas nas populações.

Exemplo recente é a ligação feita entre imigrantes e aumento da criminalidade, constantemente usada por parte dos líderes extremistas, quando os números mostram e demonstram o contrário e que essa relação não tem razão de ser. A questão é que essa ideia alimenta discursos de ódio e de medo que funcionam como combustível para a extrema-direita. E isto é desinformação disseminada para distrair e dividir, semear a dúvida através de factos falsos e distorcidos para confundir as pessoas e diminuir a sua confiança nas instituições democráticas.

 

#PenseAntesdePartilhar

Com tanta coisa a cair nas redes sociais, segundo a segundo, e agora com a inteligência artificial, é preciso toda a atenção para perceber o que é real e o que é falso antes de partilhar e, dessa forma, espalhar conteúdos que não são verdadeiros. Há algum tempo que a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) tem a campanha #PenseAntesdePartilhar, também em português, com um conjunto de infografias e materiais para as redes sociais para ajudar a identificar, desmascarar e reagir a teorias da conspiração.

A União Europeia também está atenta a estes assuntos e continua a querer que os países verifiquem os factos, avisando que é importante que as pessoas que fazem esse trabalho sejam devidamente pagas por essa triagem tão essencial nos dias que correm.

 

Violência e mentira

O Facebook, o Instagram e o Twitter permitem aos utilizadores denunciar conteúdos suspeitos de serem notícias falsas. Até porque, como se sabe, as redes sociais estão a potenciar o crescimento do extremismo. A desinformação online aumenta de dia para dia e agrava-se com a multiplicidade de fontes desconhecidas e não confiáveis construídas pelas correntes extremistas que, ao dizerem o que querem e da forma como pretendem, agarram seguidores e votos. Há mesmo quem afirme que as redes sociais funcionam como plataformas para manobrar a violência a favor da extrema-direita através de mentiras. Uma coisa é certa: as redes sociais são veículos poderosos de influência.

 

O que fazer

Verificar conteúdos. Os factos e os números são exatos? A notícia é tendenciosa?
Verificar o órgão de comunicação. Já ouviste falar dele? Quem o financia?
Verificar o autor. Essa pessoa existe mesmo? É fácil pesquisar e encontrar informações sobre trabalhos anteriores de um jornalista.
Verificar as fontes. São fidedignas? Quais as bases para a notícia? As pessoas e especialistas citados existem na realidade?
Verificar as imagens. Foi manipulada? Está a ser usada num contexto diferente?
Pensar antes de partilhar. A distorção de acontecimentos é um perigo, por isso, é importante procurar notícias em meios credíveis. Por vezes, uma história pode ser demasiado boa ou divertida para ser verdadeira.
Denunciar notícias falsas e avisar os amigos.

 

93% dos portugueses consideram o jornalismo fundamental para combater a desinformação, segundo o 3.º Relatório Global de Consumo 2024, baseado num inquérito realizado a 7300 pessoas de 11 países. O mesmo estudo revela também que 83% dos portugueses referem que a informação fornecida por um jornalista é mais credível do que a transmitida por um influenciador.

 

Texto: Sara Dias Oliveira
Foto: PheelingsMedia – stock.adobe.com