Desconhecidos por muitos, estes territórios são essenciais para a produção de tecnologia e energias renováveis. No entanto, a extração é complexa e pode causar graves danos ambientais.
O que são terras raras?
Passaram três anos desde que a Rússia invadiu a Ucrânia. E com a incerteza sobre o futuro apoio militar dos EUA, ouvimos falar de um acordo sobre terras raras, nas quais o presidente americano, Donald Trump, estaria interessado. Apesar do nome, as terras raras não são propriamente escassas. São constituídas por um grupo de 17 elementos químicos da tabela periódica, que são usados na produção de tecnologias e energias renováveis. O que acontece é que esses elementos são difíceis de encontrar em grandes quantidades e, muitas vezes, estão misturados com outros minerais, o que torna a extração mais difícil e cara.
Porque se chamam assim
O termo “terras raras” tem origem histórica e não reflete exatamente a raridade desses elementos, mas sim o facto de que, quando foram descobertos pela primeira vez, serem difíceis de encontrar e de isolar na sua forma pura. Esses elementos eram originalmente encontrados em minerais chamados “terras”, uma palavra antiga usada para se referir a certos minerais com óxidos metálicos, e “raras” porque, na época, a sua extração e purificação eram complicadas e pouco comuns.
Embora muitos desses elementos sejam relativamente abundantes na crosta terrestre, a sua distribuição é desigual e a extração eficiente ainda é desafiadora, o que pode contribuir para a ideia de “raridade” que o nome sugere.
Top 3
A China domina o mercado das terras raras, sendo responsável por 60% da extração mundial e 90% do processamento.
O Vietname possui a segunda maior reserva mundial de terras raras, com cerca de 22 milhões de toneladas. A produção, embora ainda baixa, está a crescer rapidamente.
O Brasil aparece em terceiro lugar, com uma reserva de cerca de 21 milhões de toneladas.
A Ucrânia, a Rússia e a Índia são outros países muito ricos em terras raras, com reservas constituídas por milhões de toneladas.
Uma corrida mundial
As terras raras são extremamente cobiçadas porque são essenciais para a produção de tecnologias avançadas. Sem elas, a produção de dispositivos modernos como smartphones ou computadores seria impossível. São essenciais porque muitas dessas tecnologias precisam de ímanes muito fortes ou de materiais que podem conduzir eletricidade de maneira eficiente. Também são muito importantes para a produção de energias renováveis e para a mobilidade sustentável, sendo utilizadas para baterias de carros elétricos e fundamentais para a redução da pegada de carbono. Por último, são a base da indústria militar e aeroespacial. Estão presentes em radares, mísseis, drones e satélites, constituindo um recurso estratégico para a segurança de vários países.
Os perigos para o ambiente
A extração de terras raras é muito complexa, dispendiosa e poluente. Devido ao uso de substâncias químicas, este processo é extremamente perigoso para o ambiente: contribui para a contaminação dos solos e da água, produz resíduos radioativos, aumenta a emissão de gases tóxicos e destrói ecossistemas, originando desflorestação, pois consome milhões de litros de água (em regiões onde esse recurso já é escasso.
Os 17 elementos químicos que fazem parte das terras raras:
Lantânio (La)
Cério (Ce)
Praseodímio (Pr)
Neodímio (Nd)
Promécio (Pm)
Samário (Sm)
Európio (Eu)
Gadólínio (Gd)
Terbínio (Tb)
Disprósio (Dy)
Hólmio (Ho)
Érbio (Er)
Túlio (Tm)
Iterbium (Yb)
Lutécio (Lu)
Escândio (Sc)
Ítério (Y)
Texto: Patrícia Teixeira Lopes
Foto: Vlad Chețan/www.pexels.com