Em determinados contextos, importa, sim. Há trabalhos que exigem farda, traje formal, chefe de fato e gravata. O vestuário também não passa despercebido nas escolas. É um assunto quente.
Roupa de praia, calções curtos, decotes pronunciados
O tema está a aquecer e há duas situações recentes, uma em Lisboa, outra em Matosinhos. As mensagens são parecidas, chamam a atenção para o exagero do vestuário no recinto escolar, as consequências divergem. O debate reabre e há vozes que se levantam. Uma questão de respeito? Uma questão de liberdade de escolha? O que pode ser feito?
A direção da Escola Secundária Pedro Nunes, em Lisboa, fez chegar um recado à associação de pais para que fosse espalhado pelos encarregados de educação. “Os alunos devem estar na escola com vestuário adequado. Isso implica não trazer roupa de praia, nomeadamente calções de banho, chinelos, calções demasiado curtos e camisolas com excessivo decote.” No limite, a escola poderá impedir os alunos de realizar provas de avaliação, se estiverem vestidos dessa forma. Esta parte também está no recado. “Em situação de exame, recomenda-se vestuário adequado sob impedimento de realização do mesmo.”
A direção da Escola Básica Dr. José Domingues dos Santos, em Lavra, Matosinhos, fez algo semelhante. Enviou um email aos pais dos alunos a pedir mais atenção ao vestuário dos filhos. “Todos concordam que tops muito curtos, em vez de t-shirts, calções extremamente curtos, em vez de calções até ao meio da perna, não é o melhor vestuário para a escola”, lia-se no email. Em todo o caso, a escola, que deu conta de casos de fato de banho e de chinelos de praia, não penalizará os alunos, nem os proibirá de entrar no estabelecimento de ensino por causa da roupa.
O que diz a lei
O Ministério da Educação não tem poder de emitir orientações gerais para regras específicas de vestuário a cumprir pelos alunos. O que acontece é que as escolas têm o seu regulamento interno, no qual podem estipular orientações sobre essa matéria. Esse regulamento é um documento aprovado pelo conselho geral, onde estão representados professores, alunos, pais e autarquia, entre outras entidades.
O aluno deve apresentar-se com vestuário que se revele adequado, em função da idade, à dignidade do espaço e à especificidade das atividades escolares, no respeito pelas regras estabelecidas na escola.”
Dress code no trabalho, alinhamento profissional
Em muitas empresas e organizações, o código de vestuário é importante por várias razões: pelas características do trabalho, pelo clima e ambiente cultivados, pela imagem que se quer transmitir, pela confiança que se pretende conquistar junto dos clientes. Não se trata apenas de mais um ponto nas tarefas a cumprir, é um elemento-chave. A roupa é uma forma de comunicar. Mais formal ou mais descontraída, dependendo das circunstâncias. É um aspeto que não deve ser subestimado. O dress code tem o seu papel na construção de uma imagem corporativa, da cultura e valores que as empresas querem passar de profissionalismo, confiança, sucesso. Tudo depende do sítio onde se está e do que se faz.
Médicos e polícias, juízes e executivos
Há profissões que têm regras próprias no seu código de vestuário. Percebe-se porquê. Os médicos e enfermeiros, por exemplo, se não andassem de bata nos hospitais, dificilmente seriam identificados. Os polícias são outro exemplo, usam uniforme, consonante a força de autoridade, para que sejam reconhecidos pela população. Os juízes estão na sala de audiências dos tribunais vestidos de beca, aquela capa preta até aos pés. Os advogados vestem a toga que também é preta. Os empresários e executivos de grandes empresas costumam vestir fato e gravata. As mulheres que ocupam cargos de liderança usam habitualmente traje formal. Há muitos políticos que também o fazem.
Há empresas que têm uma imagem institucional a defender. As hospedeiras de bordo e os pilotos usam vestuário desenhado por companhias aéreas quando estão ao serviço. Há hipermercados que adotam a política de todos vestidos de forma igual para que os clientes saibam quem são. Há hotéis que têm o seu uniforme e funcionários no atendimento ao público de roupa igual. É uma questão de uniformização e de reconhecimento.
Texto: Sara Dias Oliveira
Ilustração: freepik.com