Representa 90% do PIB global e dois terços da população mundial. Articula vontades em nome da estabilidade financeira. O G20 reúne-se, virtualmente, a 20 e 21 deste mês.
Surgiu em 1999 após as dolorosas crises financeiras da última década do milénio passado. O G20 (Grupo dos 20) é formado pelos ministros das Finanças e governadores dos bancos centrais dos países mais ricos e emergentes do Mundo. E não só: há 12 anos que os chefes de Estado também fazem parte do grupo que articula vontades, facilita negociações, debate temas urgentes e atuais.
A 20 e 21 deste mês, o G20 reúne-se de forma virtual por força das circunstâncias – o encontro estava marcado para Riade, Arábia Saudita. O impacto da pandemia que fragiliza a economia será assunto incontornável. O G20 garantiu apoiar os países mais pobres que lidam com tantos desafios por causa da covid-19.
Negociação ao mais alto nível
“É um grupo informal de 19 países mais a União Europeia”, refere o professor universitário André Azevedo Alves, licenciado em Economia, mestre em Ciência Política. Dos debates não saem leis, mas este grupo tem o poder de influenciar o rumo da economia global. “O critério inicial foi a representatividade económica: estes países representam cerca de 90% do Produto Interno Bruto (PIB) global.” Evitar crises e articular políticas para promover o comércio internacional estão nos seus objetivos.
“O G20 é uma estrutura informal que permite resolver de forma mais ágil questões prementes e tensões que existam. A ideia é facilitar o encontro de vontades e a negociação ao mais alto nível”, adianta o professor. As condições do mercado de trabalho, as liberalizações e privatizações e as políticas monetárias são temas que o G20 analisa à lupa.
Travar guerras cambiais
As economias do G20 representam 80% do comércio mundial. É muita coisa. A agenda é flexível e depende muito do contexto político e dos atores que se encontram a cada momento. E com a eleição de Joe Biden como presidente dos Estados Unidos, espera-se outra forma de estar por parte da maior economia do Mundo.
Há trabalho feito. Na crise financeira que começou em 2007, o G20 evitou uma guerra cambial. Se todos os países tivessem desvalorizado a sua moeda ao mesmo tempo seria uma catástrofe. “O G20 pediu alguma contenção para moderar as ofensivas cambiais e de desvalorização monetária”, lembra o especialista em Ciência Política.
Geopolítica mundial
No mapa-múndi, os países também se movem politicamente. A geopolítica mundial, que tenta interpretar a realidade global, analisa a parte económica da vida e está atenta às relações de poder entre países e às suas dinâmicas populacionais e financeiras. Como um tabuleiro político, em que cada estado move as suas peças. É um jogo tático e estratégico, de posicionamento político e económico.
Texto: Sara Dias Oliveira